26.10.05

Tentando dar continuidade ao debate vamos tentar esclarecer algumas das questões colocadas.

O objectivo deste blog é contribuir, através da discussão e informação, para que a sexualidade nas relações lésbicas possa ser vivida de formas mais gratificantes e saudáveis.
Ao escolhermos levar este projecto das páginas da Zona Livre (publicação bimestral do Clube Safo) para o espaço virtual de um blog, estamos a assumir a vontade de alargar o leque de possíveis destinatários. Acreditamos que debater estas questões só num grupo restrito não é suficiente para promover a mudança. Por isso definimos este espaço como estando aberto a todas as mulheres e todos os homens que queiram pensar, debater e reflectir sobre a sexualidade nas mulheres. Dar visibilidade a estes temas é contribuir activamente para contrariar o duplo padrão que existe quando se abordam questões de sexualidade em mulheres e homens, sendo a das mulheres sempre mais silenciada e invisível.
Esta opção insere-se numa visão mais lata da intervenção do Clube Safo na luta pela defesa dos direitos das lésbicas, em que temos como estratégia de base a promoção da visibilidade das questões específicas das lésbicas, como forma de contribuir para a mudança de mentalidades.

Valorizamos a diversidade, nomeadamente de opiniões e de expressões da sexualidade. Consideramos alguns outros valores como também essenciais: recusamos a violência e a coacção, bem como relações de dominação e de exploração; entendemos a sexualidade como forma de comunicação e prazer e encaramos como fundamental a construção de uma sexualidade responsável.

As perguntas que colocámos no primeiro post surgiram da nossa percepção, construída ao longo de vários encontros e discussões, sobre algumas questões relativas à sexualidade que preocupam as lésbicas.
Foi um primeiro levantamento, pretendemos agora focar a discussão na diminuição de desejo sexual dentro de uma relação amorosa.

  • Existe sempre diminuição de desejo sexual dentro de uma relação amorosa?
  • Quando é que normalmente ocorre?
  • Se houver uma diminuição de desejo sexual diminui também a qualidade da relação?
  • Pode colocar em risco a relação?
  • Como lidar com essa situação?

Outras questões ficam por aprofundar, mas este é apenas o início de uma conversa que se deseja longa :-)

3 comentários:

Anónimo disse...

Nem sei como vim cá parar mas o que interessa é que vim.Gostei do que vi,ainda é pouco mas gosto.
Desculpem-me ser eu agora a fazer uma pergunta depois de ter lido tantas.Este blog é só mesmo para nos meter perguntas na cabeça ou vocês não acham que em vez das perguntas deveriam antes contar situações em que aprendêssemos mais um pouco sobre esta nossa Vida que alguma(muita) gente acha que é quase uma aberração?

Foi apenas uma opinião e se me mandarem criar um blog é na boa!
Vou continuar a vir espreitar-vos.

Beijos

Sara

Anónimo disse...

Vim cá parar directamente do "Muncon", alguém falou no vosso blog e resolvi dar um espreita. Até agora gostei do q vi, já ñ era sem tempo q se começasse a encarar as coisas de frente, hoje em dia estão mto em voga todo um lobby gay masculino, mas nunca se fala na homosexualidade feminina, q mta gente ainda desconhece por completo.
Parabéns pela iniciativa.
Beijinhos

Anónimo disse...

As perguntas lançadas assim deixam-me meio sem jeito. Sei de mim e quando sei que chegue já me espanto...por isso falarei do que sei, do que experienciei.
1. O "meu" amor vem num pacote muito completo: inclui necessariamente sexo, tanto quanto música, trabalheiras, aventuras, quotidiano, amigos, partilhas, etc., etc.;
2. Logo... sem sexo (e não dou relevo aqui à frequência) a relação poderá manter-se amorosa, mas caminhará em curva descendente. A minha aspiração à fusão com ou na partilha/indução de prazer é parte não descartável da relação;
3. Ter ou não relações sexuais e o desejo propriamente dito é outra questão.
De há muito acho que o desejo sexual é uma característica de qualquer animal saudável. É despoletado pelos mais variados factores e não me convencem de que, pelo menos no caso do ser humano, tenha muito a ver com a reprodução e perpetuação da espécie. Acho bem mais lúdico e epicurista que isso.
O desejo não é originalmente telecomandável mas pode ser domesticado com facilidade quando dispara fora do meu "ninho", em função do meu conceito de relação e do peso e valor que lhe dou e que tem entre nós, casal, a monogamia e a fidelidade. É uma decisão da razão, não um inevitabilidade biológica ou emocional, se me envolvo ou não com outra parceira, tendo já alguém na minha vida a full time;
4. Se entre 2 pessoas há uma relação amorosa e desejo sem atracção é porque algo se foi esbatendo e divergindo, a relação está em mutação, quem sabe aonde irá parar?
O desejo pode não surgir em simultâneo, mas mais importante é descortinar quem é o seu objecto, o mesmo é dizer o alvo da atracção quando ele surge.
5. Uma prática regular (com a mesma parceira, presumo, e ao longo de um período dilatado de tempo) transforma o extraordinário em vulgar, e só mesmo com bastante imaginação pelo meio não cairá na rotina e passará a ser um acto de conforto desejável e recompensador, muito desejável é certo, mas da classe das pantufas e do cigarro, do bom vinho e do livro que nos prende a atenção.
6.Uma prática sexual satisfatória(?) sem atracção sexual parece-me tão inconsistente quanto ter de beber litros de água sem sede, só para a ecografia;
7. Sobre sexo virtual nada sei. Sobre voyeirismo clássico, se fôr construído dentro do casal pode ser um estímulo interessante. É preciso é que agrade às partes envolvidas, que não seja uma violação para nenhuma delas.
8. A minha qualidade de mulher experiente (não basta só ser mulher, é preciso conhecer o nosso corpo e tê-lo posto à prova mais de que uma vez/parceir@)dá-me seguramente uma outra capacidade de entender a anatomia e a génese do prazer feminino, mas uma boa parte (a melhor parte?) do erotismo está dentro da cabeça, não só à superfície da pele... De mulher para mulher poderemos ter mais pistas mas ir ao encontro do imaginário é um dom que não tem sexo (biológico)!
Por último, parabéns pela excelente ideia de abrirem este espaço. Por mais que vos conheça não deixam de me surpreender! Um abraço caloroso para as três.