31.3.08

Educação sexual e prevenção do cancro

Viver a sexualidade de forma gratificante e saudável.

O folheto denominado “mulheres que amam outras mulheres” (ver referência no final do post) convida a revisitar, ainda uma outra vez, aquele bem conhecido objectivo da educação sexual. Esta publicação foi produzida em inglês, francês e espanhol, pela ILGA internacional.

O referido folheto convida a afirmar, também mais uma vez, a urgência de tornar visíveis todas as formas de discriminação do lesbianismo e das mulheres lésbicas, para que a luta contra esta discriminação possa ser mais eficaz. A invisibilidade das relações lésbicas e das mulheres lésbicas é, no caso deste folheto, abordada na vertente das suas potenciais consequências para a saúde das mulheres, nomeadamente no que diz respeito ao cancro da mama e ao cancro do útero.

Porque a prevenção do cancro da mama e a prevenção do cancro do útero são de fundamental importância para todas as mulheres, se o facto de existirem relações lésbicas, que se pretendem manter invisíveis, compromete as idas regulares à/ao ginecologista, a realização dos também regulares exames de rastreio ou uma eficaz comunicação com o/a médico/a, estamos perante um claro aumento dos riscos para a saúde das mulheres.

Pensando nesta questão, torna-se claro que a educação sexual deve trabalhar as competências de todas as mulheres, incluindo as que têm relações sexuais com outras mulheres e as que não têm relações sexuais, de forma a que possam cuidar de forma segura da sua saúde. A educação sexual não pode ignorar que muitas jovens e mulheres podem ter receio de revelar a sua orientação sexual numa consulta médica. Por recearem reacções homofóbicas ou que a visibilidade da sua orientação ultrapasse o consultório médico.

Como em todas as questões e problemas da educação sexual, não existe uma só forma de resolver a situação. Cada pessoa, desejavelmente, encontrará a sua. Mas, para que isso aconteça, será necessário que cada jovem, cada mulher, tenha acesso a informação sobre os riscos de não ir regularmente a uma consulta de ginecologia e sobre os seus direitos quanto ao sigilo médico. Será também importante que tenha a possibilidade de debater as possíveis consequências, para a sua saúde e bem-estar, das decisões relativas às diferentes dimensões da sua sexualidade.

O debate de questões pessoais, para além dos espaços familiares e de amizade, só é possível em espaços de aconselhamento. Mas o debate das questões nos seus aspectos gerais, e não pessoais, deverá acontecer nos espaços de educação sexual, nomeadamente na escola. Para ser inclusiva, a educação sexual deve tratar os seus diversos temas tornando explícitas as diferentes orientações sexuais e a diversidade de questões e problemas que as pessoas encontram na vivência das suas sexualidades.


ILGA (2007). Breast and Uterus Cancer. Available at http://www.ilga.org/news-upload/BreastBrochureENFinal.pdf

ILGA (2007). Pour toutes les femmes qui aiment les femmes… http://www.ilga.org/news-upload/Ilga-dpliant-Fr.pdf

ILGA (2007). Para todas las mujeres que aman a mujeres... Available at http://www.ilga.org/news-upload/BreastBrochureESFinal.pdf