12.11.06

Sessão sobre:
"Comportamentos sexuais entre mulheres: práticas de sexo seguro"


Dia 9 de Dezembro 2006 - 15h00

Rua Formosa, nº 433, 3º andar - Porto
gentilmente cedida pela Umar
(próximo da Av. dos Aliados)
Não é necessária inscrição prévia

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Este texto apresenta algumas conclusões da sessão “Comportamentos sexuais entre mulheres: representações, práticas e fantasias” realizado em Julho no Porto, com a colaboração das Panteras Rosa.

A sessão teve como objectivos: identificar as práticas sexuais entre mulheres e a percepção da sua frequência; avaliar o grau e os factores de risco associados, nomeadamente no que se refere à transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST's); identificar possíveis formas de protecção para as diferentes práticas.

Para melhor enquadrarmos as conclusões desta sessão, apresentamos também informação recolhida de alguns sítios na internet sobre sexo seguro entre mulheres. É de salientar que, na pesquisa que realizámos, não encontrámos nenhuma fonte de informação em Portugal que apresentasse de forma clara dados relativos a práticas sexuais entre mulheres, riscos associados e formas de protecção.

Relativamente aos resultados da sessão podemos agrupá-los no seguinte quadro:



Comportamentos não mencionados no encontro mas que são referidos nas fontes de informação pesquisadas:



Podemos concluir que as mulheres presentes no encontro têm uma percepção adequada sobre os riscos associados aos comportamentos sexuais e sobre quais as formas de protecção que podem ser utilizadas. O que parece apresentar mais dificuldades é a passagem à prática, isto é, a efectiva utilização dos métodos de protecção. Razões subjacentes serão certamente: a não divulgação (não existem campanhas que sensibilizem para a utilização de luvas ou barreiras de látex em comportamentos sexuais, como por exemplo as que já existem há muito tempo em relação ao preservativo masculino), bem como a não comercialização dos referidos métodos de protecção (todo o material sugerido ou é material originalmente produzido para outros fins ou não está comercializado em Portugal).


Algumas informações sobre material disponível e sua utilização (ilustrações - www.umoutroolhar.com.br/cartilha.htm):

Barreira de látex
Em Portugal não é comercializada a barreira de látex (dental dam) que consiste num quadrado de látex reutilizável após lavagem com sabão neutro. No entanto, podemos construir um a partir de uma luva de látex, conforme figura acima. Também é possível utilizar uma barreira feita a partir de um preservativo (e como alguns preservativos já são feitos a pensar no sexo oral, o seu sabor será certamente mais agradável do que o das luvas de látex).
Na prática do tribadismo vaginal aconselha-se a utilização de algum tipo de cinto para fixar a barreira de látex.
Alguns materiais educativos recomendam o uso de película aderente. Embora possa ser utilizado na ausência das barreiras descritas acima, o certo é que este produto obedece a critérios de qualidade para preservação de alimentos e não para prevenção de IST.



Luvas
Para penetração vaginal ou anal. Nunca utilize a mesma luva na zona vaginal depois de ter tocado na zona anal, ou em duas pessoas diferentes (por exemplo tocar-se depois de ter tocado a parceira). A utilização de lubrificante pode facilitar a utilização deste material tornando-o mais agradável ao toque. É referido que se pode utilizar lubrificante também no interior da luva para dar uma sessão mais agradável à que está a utilizá-la. Se utilizar lubrificante certifique-se que é de base aquosa para não provocar irritações nem danificar o látex.



Preservativo: Nos instrumentos sexuais, como por exemplo vibradores ou dildos, utilize um preservativo para uma penetração segura e higiénica. Antes de partilhar os instrumentos, troque de preservativo.



Fontes de informação:

Opening the Window
A Guide to Lesbian Health
Produzido por Lesbian Health Project, ACON (Aids Council of NSW)
Novembro 2003
www.acon.org.au

Cartilha Prazer sem Medo
Projecto Mulheres & Mulheres: Prazer sem Medo
Realização: Rede de Informação Um Outro Olhar - Brasil
Versão para Internet – Março de 2004
www.umoutroolhar.com.br/cartilha.htm


Girl to Girl
Welcome to the Digital Revolution
www.girl2girl.info

7.9.06

Sexo mais seguro: Da informação, às decisões e comportamentos

Para que cada mulher, decida utilizar, e utilize, métodos de sexo seguro, tornam-se necessárias várias condições:

Conhecer quais os comportamentos sexuais que não são seguros, os riscos associados e as suas consequências. A informação sobre as formas de contaminação das Infecções Sexualmente Transmissíveis é uma condição essencial para que os riscos se tornem conscientes. No entanto, quando se trata de comportamentos sexuais entre mulheres, as dificuldades em obter informação clara e objectiva é acrescida. Como já referimos em post anterior, muitos folhetos informativos dedicados à temática das IST não referem a existência de comportamentos sexuais entre mulheres. Outros, quando os referem, não os consideram como sendo de risco. Ainda noutros casos, quando encontramos folhetos que identificam alguns comportamentos sexuais entre mulheres como sendo de risco, a informação apresentada é frequentemente inconsistente e até contraditória, como é o caso da informação sobre os riscos associados ao sexo oral. Para tentarmos contribuir para mudar esta situação estamos a desenvolver este projecto no sentido de produzirmos informação completa, clara e objectiva sobre os riscos de contaminação de ISTs em comportamentos sexuais entre mulheres.

Conhecer os métodos que tornem os comportamentos sexuais mais seguros. Conhecer os métodos inclui conhecer o seu grau de segurança e as suas formas de utilização. Inclui, ainda, estar sensorialmente familiarizada com os mesmos. Mas se os métodos e materiais não estão divulgados nem são comercializados é difícil as mulheres terem oportunidade de os conhecerem e de os experimentarem. Aliás os métodos e materiais existentes estão pouco desenvolvidos, sendo na sua maioria adaptações de materiais pensados para outros fins.

Ter acesso aos métodos, ou seja, ser fácil e não demasiado dispendioso adquiri-los. Alguns exemplos das dificuldades com que uma mulher se pode deparar: se quiser comprar luvas de látex, terá que optar por uma farmácia e comprar um produto que foi concebido tendo em conta outro tipo de prática - as luvas de látex utilizadas na saúde não estão pensadas para um relacionamento sexual, o seu paladar não foi pensado no sentido de se poder levar as luvas à boca; se quiser utilizar barreiras de látex então a situação é muito mais complicada porque a sua comercialização é muito restrita e de difícil acesso.

Ser capaz de antecipar a necessidade de utilização dos métodos de sexo seguro, o que inclui a capacidade de reconhecer que as relações sexuais podem acontecer de forma inesperada. Só esta consciência prévia pode garantir que cada pessoa tenha acesso aos métodos de que necessita, nos momentos em que deles necessita.

Desejar comunicar e ser capaz de comunicar sobre os métodos com a parceira, antes e/ou durante as relações sexuais. Mas para que este tipo de comunicação exista é necessário que estejam desenvolvidas competências para comunicar sobre o corpo e sobre a sexualidade. Não nos parece provável que se possa comunicar de forma fácil sobre métodos de sexo seguro com a parceira, se não se conseguir falar simplesmente do corpo, dos sentimentos, dos desejos, etc. Os métodos são apenas uma parte desse diálogo. E esta é uma aprendizagem que tem de ser feita por todas numa cultura que não nos prepara para encarar a sexualidade como algo bom e gratificante.

O encontro “Comportamentos sexuais entre mulheres: representações, práticas e fantasias” realizado em Julho no Porto, em colaboração com as Panteras Rosa, foi mais uma das etapas deste projecto sobre sexo seguro. Citamos, por isso, parte de um comentário feito pela Patrícia das Pantera Rosa:
“A primeira parte visava uma reflexão sobre a (auto) representação dos comportamentos sexuais entre mulheres: a identificação de práticas sexuais entre mulheres, a avaliação do grau e dos factores de risco de transmissão de IST's (infecções sexualmente transmissíveis) associados, a identificação também da frequência percepcionada dessas práticas sexuais entre mulheres, e formas de protecção.
Na segunda parte, compararam-se e discutiram-se os resultados dos dois grupos; apresentou-se e discutiu-se também o folheto "Lésbicas com muito prazer - Pequeno guia de sexo lésbico mais seguro" (disponível em www.panterasrosa.com/sexolesbico.html), foram levantadas algumas limitações e sugeridas alterações para o folheto.
Para uma próxima sessão, ficou a parte mais prática, nomeadamente a discussão, apresentação e manuseamento das formas de protecção.
Esta sessão será repetida, em formato alargado e incluindo já a componente prática, em Lisboa num futuro próximo.”

7.6.06

O Grupo Local de Intervenção do Porto do Clube Safo, vai organizar em conjunto com as Panteras Rosa, uma sessão sobre: "Comportamentos sexuais entre mulheres:representações, práticas e fantasias".

Este encontro tem como objectivos principais, identificar comportamentos sexuais entre mulheres, a sua frequência, grau de risco associado e formas de protecção.

Uma das actividades a realizar será a análise do folheto:
Lésbicas com muito prazer - Pequeno guia de sexo lésbico mais seguro
Alex, Faina, Louise: Lesbiennes pour de bon, 2002
Tradução Patrícia - Arranjo gráfico Vanda
Panteras Rosa - Frente de Combate à Homofobia
Este folheto está disponível online em: http://www.panterasrosa.com/sexolesbico.html


Sessão sobre "Comportamentos sexuais entre mulheres: representações, práticas e fantasias"
Dia 1 de Julho - Sábado - alteração da hora de início para as 13h30

Quem quiser poderá ver o jogo Portugal-Inglaterra, às 16h00, connosco!
Rua Formosa, nº 433, 3º andar - Porto
(próximo da Av. dos Aliados)
gentilmente cedida pela Umar



Infecções Sexualmente Transmissíveis e Comportamentos de Risco

As Infecções Sexualmente Transmissíveis, ou ISTs, transmitem-se de formas diversas. É sempre necessário considerar as formas de contacto entre fluidos corporais, ou seja sangue, esperma e secreções vaginais, saliva, lágrimas e suor.

Os contactos sangue – sangue, sangue – líquidos sexuais e líquidos sexuais – líquidos sexuais são os principais meios de infecção e, portanto, os comportamentos que impliquem estes contactos são comportamentos de grande risco para as ISTs, nomeadamente para a infecção pelo HIV.

O que é necessário pensar é como é que tais contactos são possíveis e como evitá-los. Claramente, os contactos entre órgãos genitais são de risco, bem como a partilha de brinquedos sexuais, ou, por exemplo, o contacto das mãos e dos dedos com os próprios líquidos sexuais e com os da parceira. A presença de menstruação, ou de quaisquer feridas, torna estes comportamentos ainda mais perigosos, pois para além de permitirem o contacto líquidos sexuais – líquidos sexuais permitem o contacto sangue – líquidos sexuais.

No caso do HIV, teoricamente, também é possível a infecção através de inseminação artificial (esperma do dador infectado). Um comportamento em que parece não haver acordo quanto ao nível de risco de infecção pelo HIV é o de lamber a zona genital feminina (sexo oral ou cunnilingus), nomeadamente a vagina. O que parece claro é que o risco aumenta quando há presença de menstruação, feridas na boca ou na zona genital, ou outras infecções vaginais.

O sexo oral é, de qualquer forma, um comportamento de risco porque permite o contágio de diversas ISTs.

Por outro lado, os contactos com o ânus podem conduzir a infecções diversas, quer devido a agentes infecciosos que existem nas fezes, quer porque as fezes podem conter sangue, mesmo que não visível.

O sexo seguro é o conjunto de comportamentos que não permitem a transmissão de ISTs.

11.4.06

Heterossexismo

Heterossexismo foi um termo proposto por Stephen Morin em 1977, e refere-se à ideia de que a heterossexualidade é a orientação sexual “normal” e “natural”. Ao considerar a heterossexualidade “normal”, contrapõe-se a ideia de que as outras orientações sexuais (homossexualidade e bissexualidade) são um desvio à norma e reveladoras de perturbação. Não são encaradas como um dos aspectos possíveis na diversidade das expressões da sexualidade humana. O considerar a heterossexualidade como “natural”, aponta para algo inato, instintivo e que não necessita de ser ensinado ou aprendido. O termo heterossexismo também é utilizado para designar os preconceitos existentes contra os homossexuais, bem como os comportamentos deles decorrentes.

Temos como algumas das principais consequências do heterossexismo, o validar que existe um sistema de papéis de género dual (masculino e feminino) de acordo com o sexo biológico, e o considerar que todas as pessoas são heterossexuais, salvo prova em contrário.

O heterossexismo funciona através de um sistema de negação e discriminação – a sociedade tende a negar a existência da homossexualidade, tornando-a invisível (em quantos manuais escolares existem referências neutras ou positivas à homossexualidade?) e tende a reprimir e discriminar todos aqueles que se tornam visíveis.

Quando se trata do meio escolar, o heterossexismo institucional apresenta características específicas. De acordo com a nossa Constituição, a escola deve proporcionar um espaço seguro a todos os jovens, educar para a igualdade de oportunidades e desenvolver o espírito da tolerância e o respeito mútuo. (artigo 73º)

O primeiro passo para desmantelar o heterossexismo nas nossas escolas é nomeá-lo, identificá-lo, e oferecer alternativas às práticas tradicionais a que já nos habituámos. Como forma de concretizar o que atrás afirmámos, vamos analisar um tipo de comportamento que podemos observar no meio escolar: as agressões verbais. Por exemplo, é considerado um insulto chamar “fufa” a uma rapariga ou “maricas” a um rapaz. Muitos jovens que são alvo destes insultos, não o são por causa da sua orientação sexual, mas por causa da sua diferença – seja a forma do corpo, estilo pessoal, raça, género, comportamento, etc. O que queremos salientar, é o conteúdo insultuoso da expressão, e não a sua ligação a realidades concretas.

A agressão verbal, mesmo quando limitada à provocação, pode interferir negativamente com o desenvolvimento psicossocial dos jovens. As palavras magoam, e têm o poder de afectar negativamente a auto estima e provocar sentimentos de insegurança. Especialmente quando os incidentes pontuais se transformam num padrão.

Ignorar, permitir ou desculpar este tipo de comportamento, reafirma a ideia de que é lícito agredir verbalmente alguém, e reafirma a conotação pejorativa das expressões utilizadas (reforçando o heterossexismo).

Como alternativa achamos que, nestas situações, uma proposta de intervenção positiva e eficaz pode ser: interromper o comportamento e educar os jovens nele envolvidos. É importante esclarecer acerca dos termos utilizados como forma de agressão, fornecendo informação actualizada e baseada em conhecimentos científicos. Deve ser clarificado que a homossexualidade não é uma perturbação ou anomalia. E transmitir a ideia de que a orientação sexual pode variar dentro de um continuo que vai da homossexualidade exclusiva até à heterossexualidade exclusiva, passando por várias formas de bissexualidade. O essencial é educar no sentido do reconhecimento da diversidade da sexualidade humana, e do respeito pelo outro.

Para se desenvolver este tipo de comportamentos, convém reflectir em como todos nós fomos sujeitos a uma educação repleta de modelos quase exclusivamente heterossexuais. E estes modelos estiveram presentes não só na família e na escola, mas também na rua, na comunicação social, etc. O mundo à nossa volta, a televisão, os filmes, as revistas, estão permanentemente a bombardear-nos com imagens e estereótipos de relações amorosas entre um homem e uma mulher. As músicas, filmes e livros que falam de amor e sexualidade, são quase na sua totalidade sobre relações heterossexuais. Perante este cenário, não é expectável que se consigam desenvolver competências que nos permitam ter uma atitude não-heterossexista.

Por isso, tendo em conta o momento actual em que tanto se fala de projectos de concretização de políticas de educação sexual nas escolas, consideramos que uma das medidas prioritárias é disponibilizar formação aos agente educativos, ou seja, a todos os cidadãos e cidadãs.

2.2.06

As relações sexuais lésbicas são mais seguras que as relações sexuais heterossexuais? Que riscos existem de transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)?

Quando procuramos informação sobre os riscos de transmissão das ISTs nos comportamentos sexuais entre mulheres, deparamo-nos com algumas dificuldades. Muitos folhetos informativos dedicados à temática das ISTs nem sequer referem a existência de comportamentos sexuais entre mulheres. Outros, quando os referem, não os consideram como sendo de risco. Ainda noutros casos, quando encontramos folhetos que identificam alguns comportamentos sexuais entre mulheres como sendo de risco, a informação apresentada é frequentemente inconsistente e até contraditória, como é o caso da informação sobre os riscos associados ao sexo oral.

Também não é frequente que os técnicos de saúde abordem tais questões ou disponibilizem informação sobre as mesmas. Mesmo quando tal lhes é expressamente pedido.

Torna-se neste contexto, muito difícil, para qualquer jovem, ou mulher adulta, ter acesso a informação que lhe permita conhecer os riscos associados aos comportamentos sexuais entre mulheres e, por isso mesmo, torna-se também muito difícil fazer opções informadas sobre como tornar seguros os seus comportamentos sexuais.

Para além do preservativo masculino, amplamente divulgado por campanhas diversificadas que promovem a sua utilização, não são divulgados, nem disponibilizados, outros materiais, nomeadamente os pensados para os comportamentos sexuais entre mulheres, como por exemplo as luvas ou as barreiras de látex.

É interessante verificar que nas grandes campanhas públicas de sensibilização relativamente às ISTs, quase sempre centradas nas relações sexuais heterossexuais, o único método referido para tornar o sexo seguro é a utilização do preservativo. Mais uma vez, a questão é que a atenção fica centrada na penetração, ou talvez mais do que no comportamento, no agente do comportamento - no pénis.

Por exemplo, em relação ao sexo oral encontramos produtos no mercado destinados ao sexo oral masculino (fellatio), como os preservativos com sabores. Mas não estão nem divulgados, nem acessíveis no mercado produtos destinados ao sexo oral feminino (cunnilingus). Neste caso a questão não é específica dos comportamentos sexuais entre mulheres, uma vez que este é um comportamento que também se inclui nas relações sexuais heterossexuais.

A não divulgação e não disponibilização de métodos de sexo seguro entre mulheres cria uma situação em que, por um lado, a indústria não investe por não existir procura, e em que, por outro, a procura não aumenta porque não há divulgação, nomeadamente publicidade dos produtos.

Se pensarmos em práticas sexuais podemos concluir que a maior parte dos comportamentos sexuais entre mulheres também podem existir entre uma mulher e um homem. Logo, quando os folhetos informativos e campanhas publicitárias se centram só num comportamento específico (a penetração) ignorando todos os outros (que também apresentam risco de transmissão de ISTs) não estão só a omitir os comportamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, estão a distorcer, limitar e condicionar a percepção da sexualidade.

Não se pode falar de comportamentos sexuais sem falarmos das representações que deles temos. E é aqui que se cruzam a visibilidade de comportamentos sexuais, a sua divulgação, as campanhas de prevenção de ISTs e as mudanças de comportamento. Assim, por exemplo, temos a percepção de que existe uma maior frequência de comportamentos seguros quando se utilizam dildos (portanto, comportamentos com um objecto para o qual existe um método divulgado e disponível). É comum falar-se da utilização de preservativos, nomeadamente da mudança de preservativo se existe partilha do mesmo dildo, ao mesmo tempo que não é tão comum falar-se de outras práticas de sexo seguro entre mulheres.

Só se vive uma sexualidade saudável se ela for gratificante. Assim, cada pessoa sente, pensa e decide sobre sexo seguro de forma diferente. E fá-lo-á, em princípio, tanto melhor quanto mais capaz for ela própria, e as que a rodeiam, de falar e reflectir, em conjunto com pares ou técnicos de saúde, sobre o assunto. A informação sobre os vários riscos e métodos de tornar os comportamentos seguros é fundamental, mas também é necessário que esses métodos estejam disponíveis e acessíveis, e, ainda, que sejamos capazes de falar sobre o assunto.