tag:blogger.com,1999:blog-175116092024-03-13T15:43:51.082+00:00Sexualidades no feminino<b>Questões sobre relações lésbicas</b> <br>
Criámos este espaço porque acreditamos que discutir e informar, pode contribuir para viver a sexualidade nas relações lésbicas de formas mais gratificantes e saudáveis.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.comBlogger20125tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-39299712537796324652009-10-21T12:27:00.003+01:002009-10-21T12:33:01.439+01:00LES OnlineO registo dos encontros realizados pelo <strong><a href="http://www.lespt.org">LES - Grupo de refelxao sobre questões lésbicas </a></strong>vai deixar de ser feito neste blogue. <br /><br />Existe um novo projecto, o <a href="http://www.lespt.org/lesonline"><strong>LES Online</strong></a>, publicação digital sobre questões lésbicas, que tem como objectivo divulgar estudos e investigações de carácter científico, assim como projectos de intervenção e artigos de opinião, relacionados com as diversas vertentes da temática lésbica.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-14037618990193007322008-10-30T22:12:00.012+00:002009-01-04T22:28:29.978+00:00Encontro LES dia 25 de Outubro 2008 – apontamentos breves(convidamos-te a comentares e a acrescentares as tuas opiniões)<br /><br /><strong>Tema: Direitos LGBT - das representações à realidade </strong><br /><br />Número de participantes: 14 mulheres<br /><br />Após uma breve apresentação de cada participante, foi feita a apresentação e introdução ao tema.<br /><br />De seguida, foi lançada uma proposta de trabalho em pequenos grupos - realização de cartaz com o registo da percepção que têm dos direitos LGBT a dois níveis:<br />• legal (identificação dos direitos que temos na lei);<br />• social (esses direitos estão reflectidos no social, na vida real / existe reconhecimento da igualdade nas várias áreas da vida?).<br /><br />Após um momento de animada discussão em cada um dos grupos, foram apresentadas as conclusões.<br /><br />O primeiro grupo apresentou o seguinte cartaz:<br /><a href="http://2.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/SQo1VkZTzYI/AAAAAAAAAjM/da8WXkpcslQ/s1600-h/cartaz.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5263077759199202690" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 374px; CURSOR: hand; HEIGHT: 244px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/SQo1VkZTzYI/AAAAAAAAAjM/da8WXkpcslQ/s400/cartaz.jpg" border="0" /></a><br />Optou pela organização em 3 áreas: direitos não adquiridos / direitos adquiridos não aplicados / direitos adquiridos.<br />Foi feita uma reflexão relacionada com o direito à privacidade e à não exposição pública da orientação sexual da pessoa. A visibilidade deve ser uma opção e não imposta ou divulgada por outros. Uma das situações que suscitou esta reflexão foi o registo das uniões de facto. Foi referido o exemplo da falta de formação dos/as funcionários/as de várias entidades públicas no que se refere ao direito à privacidade dos/as utentes, sendo, por vezes, assuntos privados discutidos em alta voz dentro das repartições. Outra situação de exposição “obrigatória” é a denúncia de discriminação por orientação sexual no local de trabalho. Embora o código de trabalho actual obrigue que seja a entidade empregadora a provar que não actuou com base na orientação sexual do/a trabalhador/a e não este/a a ter de provar que foi discriminado/a, fazer a denúncia obriga a alguma exposição pública.<br /><br />O segundo grupo não apresentou cartaz, tendo optado por partilhar as suas reflexões em diálogo com todas. Alguns dos pontos focados:<br /> A existência de discriminação na doação de sangue, nalguns locais de recolha. Na lei não há discriminação, mas no dia a dia os/as funcionários/as responsáveis pela recolha podem ter comportamentos discriminatórios, baseados nos seus próprios preconceitos e por não existir formação sobre este assunto.<br /> A confrontação com a não existência de direitos em várias áreas da vida só acontece a partir de determinada idade, como por exemplo quando surgem situações relacionadas com: casamento, adopção e procriação medicamente assistida. Até certo momento da vida pode-se viver com a falsa noção de que não existe discriminação.<br /> A nível social é mais fácil para as lésbicas do que para os gays, devido à nossa cultura ter uma atitude diferente perante os afectos das mulheres e os dos homens. Mas esta aparente facilidade oculta uma discriminação ainda mais acentuada, a negação da sexualidade das mulheres.<br /> Existe muita falta de informação sobre a forma de registo das uniões de facto.<br /> Os Bi e os Transexuais também se sentem discriminados dentro da “comunidade LGBT”.<br /> Para a conquista dos direitos é mais fácil se for aberto caminho por outras pessoas, por exemplo, no caso da adopção se uma mulher solteira quiser adoptar (caso da Margarida Martins da Abraço) e lutar por esse direito, depois será mais fácil uma mulher assumidamente lésbica conseguir o mesmo direito; é uma forma gradual de conquistar os direitos. (embora a lei permita a adopção de pessoas singulares existe a percepção de que há alguma resistência nestas situações por parte dos serviços de segurança social)<br /> Muitas lésbicas dizem que nunca se sentiram discriminadas, porque utilizam algumas estratégias de “camuflagem”, sem nunca adoptarem uma postura de visibilidade em situações potencialmente adversas.<br /> Estamos todas aqui porque de alguma forma sentimos que existe discriminação, mesmo que nunca a tenhamos sentido de forma directa.<br /> É importante existir mudança na lei, mas não deve ser a única luta. A luta deve ser no plano social e até individual. A comunidade LGBT precisa mostrar-se mais à sociedade, o estar virada para si própria pode ser uma má estratégia.<br /> A educação é uma das formas mais importantes de intervir.<br /><br />Depois da discussão das apresentações dos grupos, foi feita uma breve apresentação dos dados da situação portuguesa <a href="http://epcferreira.googlepages.com/14anosdeconquistasrevisto.doc">(documento em anexo)</a><br /><br />No final do encontro foi feita a discussão e reflexão sobre as representações e a realidade dos direitos LGBT.<br />As propostas de discussão:<br /> O que falta (na lei e na sociedade)? Existem direitos prioritários? Quais?<br /> De que direitos sentem falta?<br /> Em que é que se sentem discriminad@s?<br /> Como promover a mudança na legislação? E na sociedade? Com que meios e que intervenções? <p></p><p>Alguns registos … <strong>a serem completados pelos vossos comentários:</strong><br /> As pessoas LGBT têm uma característica em comum, mas têm muitas outras que os diferenciam, daí as prioridades a nível de conquistas de direitos serem diferentes (exemplo: casamento civil).<br /> O direito ao casamento pode abrir portas para outros direitos. Mesmo que poucos/as homossexuais venham a utilizar este direito devido à visibilidade, pode contribuir para a mudança de mentalidades na sociedade.<br /> O maior problema é a comunidade LGBT ser quase totalmente invisível, isto é, a grande maioria dos que convivem com pessoas LGBT, como a família, amigos/as e colegas de trabalho, nem sequer sabem da sua orientação sexual. É um pouco o “faz de conta”, o “não perguntes que eu não digo”.<br /> Pouca comunicação entre o movimento associativo e a comunidade LGBT.<br /> Existe uma comunidade LGBT? O que é? O que é que a caracteriza? Os direitos conquistam-se seguindo o que a maioria quer? Como saber o que a maioria quer?<br /> Devemos seguir a maioria dentro de uma minoria, que luta pelo direito das minorias … alguma confusão de conceitos e estratégias.<br /> Temos de trabalhar para mudar as mentalidades da sociedade mas também das pessoas LGBT.<br /> A primeira prioridade devia ser a lei de identidade de género. Em relação à orientação sexual já existe alguma protecção legal, mas em relação aos transexuais não existe nada.<br /> Muitas pessoas sentem o “seu mundo” ameaçado se os/as LGBT forem conquistando mais visibilidade e direitos. É uma mudança nas normas explícitas e implícitas de organização social. E esta sensação de ameaça é uma das maiores fontes de resistência à mudança.</p>Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-34049316948557508772008-05-22T11:52:00.006+01:002008-05-26T12:12:56.748+01:00Registos do encontro sobre "Identidade Sexual"No início da sessão a dinamizadora, Gabriela Moita, lançou a questão para discussão: que expectativas é que cada um tem relativamente ao tema “Identidade sexual”?<br />Várias ideias foram surgindo:<br />· sexo biológico<br />· modelo social e papéis sociais<br />· identidade de género<br />· orientação sexual<br />· posicionamento num contínuo Feminino – Masculino<br /><br />As várias ideias foram discutidas, sendo salientados os pontos em comum entre as várias perspectivas apresentadas.<br />Após este debate inicial foi feita uma proposta de actividade: cada participante foi convidada/o a escrever num papel o B.I. da sua identidade sexual.<br />Quando todas/os as/os participantes terminaram a tarefa, foram aleatoriamente organizados pequenos grupos. Cada grupo foi para um espaço separado com o objectivo de discutir as várias ideias, tentar identificar linhas comuns a nível conceptual e construir um pequeno sketch para exemplificar as suas conclusões.<br /><br />Em grande grupo foram apresentados os vários sketches:<br />· 1º grupo: cada elemento tinha um material diferente (papel, pedaços de gesso, caixa de cartão, canetas, casaco) e, em simultâneo, iam transformando esses materiais, num processo de construção e desconstrução. Explicação do sketch - representação de alguns conceitos relacionados com a identidade sexual: diversidade e processo de construção/transformação ao longo da vida;<br />· 2º grupo: os elementos do grupo colocaram-se em círculo com as mãos estendidas para o centro, em silêncio. Explicação do sketch – liberdade de construção individual da identidade sexual; composição da identidade sexual por vários elementos diferentes; definição pela própria pessoa com aceitação de outras realidades;<br />· 3º grupo: entraram na sala agachados, uns mais que outros, numa ordem ascendente. Cada elemento do grupo segurava uma folha com uma “etiqueta”.(do mais baixo para o mais alto) As etiquetas, do elemento mais agachado ao elemento que estava de pé, eram as seguintes: sexo biológico papéis sociais orientação sexual Pessoa. Explicação do sketch – várias fases (componentes) da definição da identidade sexual;<br />· 4º grupo: O grupo apresentou oralmente a <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/David_(Donatello)">estátua de David, da autoria de Donatello</a>, salientando o seu aspecto indefinido do ponto de vista sexual, nomeadamente as características biológicas masculinas e alguma aparência feminina, incluindo o cabelo comprido e encaracolado. Esta estátua tem levantado muitas interrogações, mas só a estátua (própria pessoa) se poderia definir, embora desperte discordâncias entre os outros.<br /><br />Após a realização dos sketches foram apresentados pela dinamizadora Gabriela Moita, as componentes da identidade sexual, segundo Shivley & Dececco: sexo biológico (<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%B3tipo">genótipo</a> e <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%B3tipo">fenótipo</a>), identidade de género, orientação sexual, papéis sexuais. Foram acrescentadas pela dinamizadora as seguintes dimensões: preferências sexuais e parentalidade (capacidade reprodutora). Em função destas componentes cada pessoa foi convidada a reescrever o seu B.I. de identidade sexual. Houve, então, um momento em que os/as participantes que assim o desejaram partilharam com o grupo o bilhete de identidade que tinham construído.<br />De seguida, foram apresentadas por Gabriela Moita os B. I. de identidade sexual de duas personagens que ilustravam algumas combinações, pouco conhecidas, das diferentes componentes da identidade sexual.<br /><br />Desenvolveu-se uma discussão alargada sobre as várias questões levantadas pelas características de cada personagem. Esta discussão incluiu a análise de algumas das dimensões da teoria Queer <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Queer">http://en.wikipedia.org/wiki/Queer</a>.<br /><br />No final da sessão, Gabriela Moita pediu a cada participante que dissesse uma palavra que representasse o que sentia naquele momento. De entre as diferentes expressões apresentadas pelas/os participantes, registaram-se as seguintes: mais esclarecida; arejamento; diversidade; interrogação; gosto de brincar com a palavra "queer"; necessidade de inclusão de conceitos; mais confuso - rara oportunidade de discussão; estar de fora; pensativa; em reflexão sobre os conceitos; interessante; cansada; inquieta; informativo e subjectivo; flexibilidade; reflexão/diversidade/confusão.<br /><span style="color:#3333ff;"><br /><span style="color:#660000;">Deixamos a proposta de continuar o debate neste blog …</span><br /></span><br />Referências:<br />Shively, M. G., & DeCecco. J. P. (1977). Components of Sexual Identity. Journal of Homosexuality, 3 (1), 41--48<br />Shively, M. G., & DeCecco. J. P. (1985). Origins of Sexuality and Homosexuality. New York : Haworth Press. (<a href="http://books.google.pt/books?id=Sra4SlUBIGgC&hl=en">http://books.google.pt/books?id=Sra4SlUBIGgC&hl=en</a>)<br />Shively, M. G., & DeCecco. J. P. (1993). Components of Sexual Identity. In L. D. Garnets, & D. C. Kim-mel (Eds.), Psychological perspectives on lesbian and gay male experiences (pp. 80-88). Chichester, NY: Columbia University Press.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-80596338377498762032008-05-01T21:42:00.006+01:002008-05-18T18:25:09.431+01:00Encontro - dia 17 de Maio de 2008<strong>LES - Grupo de discussão de questões lésbicas</strong><br /><br /> Próxima actividade:<br /><br /> Encontro - dia 17 de Maio de 2008 - 15h00 <br /> Tema: <strong>Identidade Sexual </strong><br /> Dinamizado por <strong>Gabriela Moita</strong><br /><br /> Local: Porto (morada a divulgar em breve)<br /> <br /> <strong>Nota importante:</strong><br /> Por limitação de espaço é necessária inscrição prévia. <br /> As inscrições serão feitas por ordem de chegada. <br /> Envie mail para <a href="mailto:epcferreira@gmail.com">epcferreira@gmail.com</a> para fazer a sua inscrição.<br /><br />As inscrições estão encerradas (informação actualizada a 13 de Maio)Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-90766195039544595342008-04-13T22:54:00.006+01:002008-05-26T12:13:46.287+01:00Encontro Visibilidade lésbica - registos e propostas de reflexão<p><strong>Encontro dia 12 de Abril 2008</strong><br /><strong>Tema: Visibilidade lésbica - (in)visibilidades e discriminações nas diferentes áreas da vida</strong><br /><br /><strong>Número de participantes:</strong> 21 pessoas (20 mulheres e 1 homem) e 3 orientadoras<br />Características do grupo: grupo muito heterogéneo, com idades compreendidas entre os 22 e os 47 anos.<br /><br /><strong>Apresentação individual: </strong><br />Cada pessoa escolheu uma frase com que se identificava. (ver: <a href="http://epcferreira.googlepages.com/Frasesparaapresentaoindividual.pdf">frases para apresentação individual</a>). A apresentação individual foi feita com referência à frase escolhida e às razões pessoais da escolha.<br />De registar que das frases escolhidas, 13 tinham um conteúdo que valorizava uma postura de visibilidade da orientação sexual na sociedade, e 8 reflectiam posturas de invisibilidade e as dificuldades de ordem social relacionadas com a orientação sexual homossexual.<br /><br /><strong>Passagem de extractos da série L Word:</strong><br />Extractos apresentados </p><ul><li>8º episódio da 1ª série (00:00 a 01:59 12:00 a 14:00 24:00 a 29:00 30:30 a 32:00) – relativos ao coming out da Danna (tenista) </li><br /><li>5º episódio da 1ª série (29:10 a 33:30) – relata o momento em que o casal Bette e Tina comunicam ao pai de Bette que vão ter um filho </li></ul><p>Foi feito um pequeno debate com o objectivo de se identificar as principais dificuldades/limitações relacionadas com a visibilidade.<br />O debate foi mais centrado nas dificuldades/limitações relacionadas com a visibilidade na família, uma vez que os extractos passados focavam essa temática. De qualquer forma, é de registar que a visibilidade na família foi um dos aspectos mais referidos durante a apresentação individual, tendo sido perspectivadas as vantagens e compensações dessa visibilidade quer as desvantagens e problemas que podem resultar da mesma.<br />Alguns dos aspectos salientados: </p><ul><li>A importância da reacção das outras pessoas quando se faz pela primeira vez o coming out </li><br /><li>A influência do meio/contexto familiar e respectivos valores </li><br /><li>A necessidade de lidar com as expectativas dos familiares (principalmente das figuras parentais) e a consequente desilusão </li><br /><li>O medo de magoar ou desiludir a família </li><br /><li>O não se cumprir com o papel social esperado para o género a que se pertence </li><br /><li>A existência de maior visibilidade e de mais informação disponível sobre homossexualidade, nos meios de comunicação social e na internet, e as suas consequências, nomeadamente o facilitar o assumir dos mais novos, tendo sido reportado que tal acontece cada vez mais cedo </li><br /><li>A necessidade de um novo coming out , numa sucessão contínua e difícil, cada vez que se tem de tornar visível a orientação sexual </li></ul><br /><p><strong>Actividade de grupo:</strong><br />Dividiram-se as pessoas em dois grupos.<br />A cada um dos grupos foi atribuída uma posição que teve de ser defendida por todos os seus elementos.<br /><br />Posição A – Ninguém tem que saber a minha orientação sexual. Ninguém tem que saber com quem tenho, ou desejo ter, uma relação. A orientação sexual faz parte da minha vida privada e só a quero revelar a alguns dos que me estão muito próximos. Assim evito muitos problemas e vivo a minha vida da forma que quero.<br /><br />Posição B – A minha orientação sexual deve ser algo que é público. Tal como acontece com a heterossexualidade, deve ser naturalmente do conhecimento da família, dos amigos, das diversas pessoas no trabalho. Só assim viverei a minha vida de forma completa. Sem me esconder. Com aqueles que gosto e quero nos momentos e espaços do dia-a-dia.<br /><br />Foram sendo apresentados argumentos por vários elementos de cada grupo, que tentaram defender a sua posição. O debate foi animado e com algum sentido de humor :-)<br />No final, foi feita uma discussão geral em que se reflectiu sobre as dificuldades de defender as respectivas posições, quando não eram coincidentes com as posições pessoais.<br /><br />Como actividade final do encontro, identificaram-se dois lados opostos da sala com as posições A e B e pediu-se às pessoas que se colocassem no local com que se sentiam identificadas. As pessoas distribuíram-se entre o centro da sala e o lado da posição B. Este posicionamento demonstrou uma prevalência da posição que assume a visibilidade da orientação sexual como algo importante, necessário e positivo.<br />No entanto, é importante referir que durante o diálogo estabelecido ao longo do encontro foi evidente que, embora as pessoas considerem esta posição como a mais desejável, um número significativo não a consegue colocar em prática no seu dia-a-dia.<br /><br /><strong>Posição em termos de visibilidade:</strong><br />Durante o encontro foi pedido às pessoas para escreverem em folhas que circulavam as suas informações relativamente à idade, habilitações literárias, profissão. Foi também pedido que registassem a sua posição numa escala de visibilidade em vários contextos (amigos, trabalho, família).<br /><a href="http://3.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/SAOku4s2jaI/AAAAAAAAAVM/NvQKZawjBdM/s1600-h/escala.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5189172321062391202" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/SAOku4s2jaI/AAAAAAAAAVM/NvQKZawjBdM/s400/escala.jpg" border="0" /></a><br /><br /><strong>Propostas para discussões futuras e comentários no blog:</strong> </p><ul><li>Onde/Com quem é mais difícil assumir e ser visível: Amigos, família, trabalho? </li><li>Sempre se sentiram na vossa actual posição em relação à necessidade de visibilidade da orientação sexual homossexual, ou tem havido variações? </li><li>Quais os factores que influenciaram estas variações?<br /><br /><br /></li></ul>Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-73687231202816921162008-04-06T18:14:00.004+01:002008-05-18T18:26:38.082+01:00Encontro<strong>Encontro - dia 12 de Abril de 2008 - 15h00 </strong><br /><br /><strong>Tema: Visibilidade lésbica - (in)visibilidades e discriminações nas diferentes áreas da vida</strong><br /><br />Local: Rua do Paraíso, 250 - Porto - instalações gentilmente cedidas pela UMAR (<a href="http://maps.google.com/maps?f=q&hl=pt-PT&geocode=&q=rua+do+para%C3%ADso+250,+porto,+portugal&sll=41.157655,-8.609204&sspn=0.007367,0.019956&ie=UTF8&ll=41.158398,-8.606157&spn=0.007367,0.019956&z=16">clicar para ver mapa</a>)<br /><br />(a estação de metro Faria de Guimarães fica muito perto do local do encontro) <br /><br /><br />Não é necessária inscrição prévia.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-66409788043670421812008-03-31T20:50:00.004+01:002008-05-18T18:27:18.195+01:00Educação sexual e prevenção do cancro<em>Viver a sexualidade de forma gratificante e saudável. </em><br /><br />O folheto denominado “mulheres que amam outras mulheres” (ver referência no final do post) convida a revisitar, ainda uma outra vez, aquele bem conhecido objectivo da educação sexual. Esta publicação foi produzida em inglês, francês e espanhol, pela ILGA internacional.<br /><br />O referido folheto convida a afirmar, também mais uma vez, a urgência de tornar visíveis todas as formas de discriminação do lesbianismo e das mulheres lésbicas, para que a luta contra esta discriminação possa ser mais eficaz. A invisibilidade das relações lésbicas e das mulheres lésbicas é, no caso deste folheto, abordada na vertente das suas potenciais consequências para a saúde das mulheres, nomeadamente no que diz respeito ao cancro da mama e ao cancro do útero.<br /><br />Porque a prevenção do cancro da mama e a prevenção do cancro do útero são de fundamental importância para todas as mulheres, se o facto de existirem relações lésbicas, que se pretendem manter invisíveis, compromete as idas regulares à/ao ginecologista, a realização dos também regulares exames de rastreio ou uma eficaz comunicação com o/a médico/a, estamos perante um claro aumento dos riscos para a saúde das mulheres.<br /><br />Pensando nesta questão, torna-se claro que a educação sexual deve trabalhar as competências de todas as mulheres, incluindo as que têm relações sexuais com outras mulheres e as que não têm relações sexuais, de forma a que possam cuidar de forma segura da sua saúde. A educação sexual não pode ignorar que muitas jovens e mulheres podem ter receio de revelar a sua orientação sexual numa consulta médica. Por recearem reacções homofóbicas ou que a visibilidade da sua orientação ultrapasse o consultório médico.<br /><br />Como em todas as questões e problemas da educação sexual, não existe uma só forma de resolver a situação. Cada pessoa, desejavelmente, encontrará a sua. Mas, para que isso aconteça, será necessário que cada jovem, cada mulher, tenha acesso a informação sobre os riscos de não ir regularmente a uma consulta de ginecologia e sobre os seus direitos quanto ao sigilo médico. Será também importante que tenha a possibilidade de debater as possíveis consequências, para a sua saúde e bem-estar, das decisões relativas às diferentes dimensões da sua sexualidade.<br /><br />O debate de questões pessoais, para além dos espaços familiares e de amizade, só é possível em espaços de aconselhamento. Mas o debate das questões nos seus aspectos gerais, e não pessoais, deverá acontecer nos espaços de educação sexual, nomeadamente na escola. Para ser inclusiva, a educação sexual deve tratar os seus diversos temas tornando explícitas as diferentes orientações sexuais e a diversidade de questões e problemas que as pessoas encontram na vivência das suas sexualidades.<br /><br /><br />ILGA (2007). Breast and Uterus Cancer. Available at <a href="http://www.ilga.org/news-upload/BreastBrochureENFinal.pdf">http://www.ilga.org/news-upload/BreastBrochureENFinal.pdf</a><br /><br />ILGA (2007). Pour toutes les femmes qui aiment les femmes… <a href="http://www.ilga.org/news-upload/Ilga-dpliant-Fr.pdf ">http://www.ilga.org/news-upload/Ilga-dpliant-Fr.pdf </a><br /><br />ILGA (2007). Para todas las mujeres que aman a mujeres... Available at <a href="http://www.ilga.org/news-upload/BreastBrochureESFinal.pdf">http://www.ilga.org/news-upload/BreastBrochureESFinal.pdf</a>Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-35288125909892305612008-01-16T11:21:00.001+00:002008-05-18T18:27:51.717+01:00Famílias homossexuais e homoparentalidade nos livros de educação sexual para crianças - 2ª parteVamos falar de sexo … com as crianças<div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5156035946145099234" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/R43rYAsfreI/AAAAAAAAAUU/95UW69Ydg50/s320/capa.jpg" border="0" /></div>Falar de sexualidade às crianças não é tarefa fácil. Temos de utilizar uma linguagem clara e acessível sobre um assunto que não é simples e que envolve muitas dimensões da nossa vida e da vida das outras pessoas. É necessário organizar as nossas ideias antes de poderemos construir um discurso coerente sobre este tema. Para o fazermos é importante o recurso a fontes de informação de confiança.<br />Nesse sentido, vimos propor a leitura de um livro que consideramos particularmente interessante na forma como aborda a sexualidade nas suas diferentes vertentes, e que em relação à homossexualidade preocupa-se com o rigor científico e foge os preconceitos.<br />Uma das qualidades do livro é a utilização de duas personagens (um insecto e uma ave) que vão verbalizando algumas das possíveis questões, dúvidas e anseios das crianças ao debruçarem-se sobre este tema. Esta estratégia facilita a adesão das crianças ao livro, por verem nele reflectido a sua forma de sentir e pensar, que podem ser diferentes de criança para criança. Por exemplo, a certa altura a ave diz “A minha família saiu do ninho e foi-se embora”, e o insecto responde “A minha mantém-se unida na colmeia”.<br />Analisando detalhadamente o livro encontramos muitos exemplos interessantes que importa realçar.<br />Quando aborda a questão do desejo sexual (página 13) refere explicitamente, e coloca ao mesmo nível, o desejo sexual por alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto: “Têm “fraquinhos” por pessoas do mesmo sexo, bem como por pessoas do sexo oposto, por pessoas da mesma idade, mais velhas ou mais novas. Ter um “fraquinho” por alguém é perfeitamente normalNa abordagem que faz da relação sexual (página 14) refere a relação com penetração entre um homem e uma mulher, mas ressalva: “… é apenas uma das maneiras de exprimir o amor”. São claramente abordadas outras formas de contactos sexuais, não limitando a descrição da relação sexual à penetração, nem faz juízos de valor (infelizmente demasiado presentes nas abordagens da sexualidade) no sentido de a penetração ser o acto final e mais profundo ;-).”<br /><a href="http://3.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/R43r4AsfrfI/AAAAAAAAAUc/vwSJ0WhfEpE/s1600-h/sof%C3%A1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5156036495900913138" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/R43r4AsfrfI/AAAAAAAAAUc/vwSJ0WhfEpE/s320/sof%C3%A1.jpg" border="0" /></a>Pormenor importante de realçar é a utilização de uma imagem que apresenta duas personagens que se acariciam, com características algo indefinidas relativamente ao sexo, que podem ser entendidas como sendo dois rapazes.<br />Tem um capítulo sobre heterossexualidade e homossexualidade (página 16). Não só sobre homossexualidade. E esta diferença é importante, as orientações sexuais são abordadas ao mesmo nível. Não aborda a homossexualidade, num capítulo à parte, como algo que é diferente e merece um tratamento diferente. Esta opção coloca as orientações sexuais ao mesmo nível.<br />Refere explicitamente a palavra lésbica, o que é raro acontecer. Normalmente só aparece a palavra homossexual. Também é referida de forma explícita a bissexualidade.<br />Mais importante ainda é o facto de abordar e analisar o impacto do que as pessoas sentem ou pensam sobre a homossexualidade e das reacções negativas que existem na sociedade (página 17): “Algumas pessoas não aceitam os homens homossexuais nem as mulheres lésbicas. Até há quem odeie os homossexuais só por eles serem homossexuais”.<br /><a href="http://1.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/R43tAgsfrhI/AAAAAAAAAUs/ebn1R2b6gBI/s1600-h/elas.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5156037741441429010" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/R43tAgsfrhI/AAAAAAAAAUs/ebn1R2b6gBI/s320/elas.jpg" border="0" /></a>Fala de sexualidade e neste contexto fala na vida quotidiana. Esta opção reflecte uma abordagem que encara a sexualidade como algo que faz parte integrante da nossa vida a todos os níveis. Assim, na página 18, relatam-se situações concretas do quotidiano em que se explicita a semelhança das vivências independentemente da orientação sexual: “A vida quotidiana de uma pessoa – formar um lar, ter amigos e divertir-se, criar filhos, trabalhar, estar apaixonado – é basicamente a mesma, sendo ela heterossexual, homossexual ou bissexual.”<br />As ilustrações têm um papel importante porque ajudam e complementam a transmissão das ideias apresentadas pelo texto.<br />Tem um capítulo que aborda “Todos os tipos de família” (página 50). Fala da enorme diversidade de famílias, incluindo explicitamente pais e mães homossexuais.<a href="http://2.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/R43tVwsfriI/AAAAAAAAAU0/aOn8oRnUJMk/s1600-h/eles.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://2.bp.blogspot.com/_HJHyaRjQqzI/R43tVwsfriI/AAAAAAAAAU0/aOn8oRnUJMk/s320/eles.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5156038106513649186" /></a><br />Aborda outros temas que normalmente não são referidos de forma explícita, como por exemplo a sexualidade na terceira idade (página 13): “As pessoas têm relações sexuais até terem uma idade bastante avançada.”<br />Realça-se, para terminar, que este livro sobre sexualidade escolhe para tema do capítulo final “Manter-se saudável” (página 83), falando da importância dos cuidados a ter com o corpo, mas também da importância de cuidarmos das nossas relações, das amizades e da importância do “respeito por nós próprios e pelas nossas próprias decisões”. <br />Um livro que torna significativamente mais fácil falar de sexualidade com as crianças e jovens.<br /><br />Bibliografia:<br />Harris, Robie H., Michael, Emberley (1994). Vamos falar de sexo. Lisboa: Terramar.<br /><br />Todas as ilustrações são retiradas do livro e da autoria de Michael EmberleyEduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-9413547727906748832007-10-15T16:15:00.001+01:002008-05-18T18:31:02.660+01:00Famílias homossexuais e homoparentalidade nos livros de educação sexual para crianças<strong>1ª parte</strong><br /><br />Como, e quando, falar às crianças da homossexualidade, das famílias homossexuais e da homoparentalidade? Esta é a questão que abordaremos neste e no próximo artigo.<br />Numa primeira parte, queremos enquadrar as respostas a esta pergunta no âmbito da educação sexual e, numa segunda parte, analisaremos a forma como alguns livros para crianças respondem, ou não, à mesma pergunta.<br /><br />No modelo de educação sexual que utilizamos, um dos princípios mais significativos é o de que, sempre que possível, as questões devem ser faladas com as crianças para que elas estejam preparadas para viver as situações da forma mais responsável e gratificante possível. Ou seja, para que não sejam, por exemplo, confrontadas com as situações através de comentários de terceiros, ou de observação de situações que não consigam compreender.<br /><br />Tal como referimos no nosso artigo “Educação Sexual e Valorização da Diversidade”, quando perguntamos a uma turma de crianças no primeiro ciclo como podem ser constituídas as famílias, ou como se fazem os bebés, as respostas espelham a diversidade que as rodeia. Poderia ser de outra forma? Para além dos exemplos que conhecem na sua realidade quotidiana, as crianças observam uma ainda maior diversidade através dos meios de comunicação social. Um dos exemplos mais transversais é o das telenovelas. Algumas das de maior qualidade têm abordado, de forma inclusiva, as questões da homossexualidade, da diversidade de famílias e da homoparentalidade.<br /><br />Neste contexto, o papel das famílias e das escolas deverá ser o de ajudar as crianças a pensar e a viver na diversidade. Claro que diferentes famílias podem ter diferentes valores, enquanto as escolas se devem reger pelos valores inscritos na Constituição e na Lei de Bases do Sistema Educativo.<br /><br />O que queremos deixar claro é que não há uma só forma de responder à questão inicial, mas há princípios que nos devem orientar. E o principal talvez seja o de que devemos ajudar a criança a compreender que as famílias e as relações amorosas são processos que não têm de estar relacionados com a parentalidade. Que todas as crianças nasceram num determinado contexto familiar, que se pode modificar sem que isso implique modificações das relações parentais com as crianças. Os novos namorados, namoradas, companheiros, companheiras das figuras parentais não têm, e muitas vezes não devem, ser figuras parentais. Porque os papéis parentais não devem estar dependentes das mudanças das relações amorosas ou das reconstituições das famílias.<br /><br />O respeito pela privacidade de todos os elementos da família, quer sejam crianças ou adultos, é um valor a defender em educação sexual. Por diversas razões, mas nomeadamente porque se torna muito importante que as crianças entendam que há espaços físicos e relacionais das suas figuras parentais que são privados e que não estão directamente relacionados com elas.<br /><br />Importa reconhecer que também as crianças têm direito à sua privacidade e aos seus espaços. Bater à porta do quarto de uma criança deverá ser um gesto tão natural como bater à porta do quarto de um adulto. E não é só o espaço físico que deve de ser respeitado, é principalmente o espaço relacional da criança que deve ser preservado e gerido de forma a proporcionar um clima de segurança e estabilidade.<br />Falar com as crianças sobre relações parentais, relações amorosas e homossexualidade não é fácil, e implica pensar previamente no que se quer dizer e como se quer dizer. Torna-se necessário pensar nas palavras que se vai utilizar, porque estes temas não fizeram parte, na maior parte das vezes, da educação explícita que recebemos. Temos primeiro de lidar com as nossas incertezas e clarificar as nossas ideias de forma a podermos falar sem transmitirmos através da nossa linguagem para verbal, contradições e associações negativas.<br /><br />Mas não falar, silenciar, equivale, muito frequentemente a passar a mensagem de que estes são assuntos “impróprios”, conotados negativamente. Não falar contribui para perpetuar os preconceitos e as discriminações.<br /><br />Por outro lado, parece-nos fundamental enquadrar a homossexualidade, as famílias homossexuais e a homoparentalidade na diversidade de relações, famílias e parentalidades da nossa, mas também de outras sociedades.<br /><br />Os materiais educativos podem ser valiosos apoios para a abordagem destes e de outros temas com as crianças. No próximo artigo, analisaremos alguns exemplos.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-39944453168583807222007-06-08T00:03:00.002+01:002008-05-18T18:31:29.093+01:00Sexo entre mulheres - como fazer Educação Sexual?<strong>Leitura comentada de livros de Educação Sexual</strong><br /><br />O heterossexismo e as suas consequências na organização da sociedade já foi tema de um dos nossos artigos na Zona Livre nº 52 de Abril 2006. Neste momento, queremos focar esta análise na área da Educação Sexual. <br />Neste sentido vamos fazer uma leitura comentada de alguns livros de Educação Sexual disponíveis no nosso mercado, que consideramos terem sido produzidos por profissionais com larga experiência no campo e que estão baseados em investigação científica. Temos consciência de que existem outros manuais, mas optámos por escolher livros que foram utilizados como base de trabalho dos técnicos e professores formados no âmbito de projectos desenvolvidos pela Associação para o Planeamento da Família (APF), e que como tal foram amplamente divulgados.<br /><br />Em 1992 foi publicada a 1ª edição do livro Educação Sexual na Escola - Guia para Professores, Formadores e Educadores surgido no âmbito da Associação para o Planeamento da Família (APF). A edição que vamos analisar é a de 2001 (Frade, Marques, Alverca & Vilar, 2001). <br />Este livro inclui, de forma explícita, nos objectivos da Educação Sexual os seguintes aspectos:<br />“Respeito pela pessoa do outro, quaisquer que sejam as suas características físicas e a sua orientação sexual” (p. 18).<br /> “Uma atitude de aceitação e não discriminatória face às expressões e orientações sexuais dos(as) outros(as)” (p. 19).<br />Nas sugestões de actividades podemos encontrar alguns exemplos que operacionalizam os objectivos citados. Na secção “Orientação sexual” (p. 79 a 81) as três actividades propostas têm como objectivo geral “Desenvolver a compreensão e aceitação dos diferentes comportamentos e orientações sexuais”. Por exemplo na “Actividade 2 - Outras maneiras de ver” propõe-se um role play de uma viagem a uma sociedade onde a “maioria da população é homossexual”. São dadas orientações para o debate que promovem “a aceitação da variabilidade pessoal dos desejos e comportamentos sexuais” e “a identificação de possíveis repercussões das diferentes orientações sexuais aos níveis pessoal e social”. <br />Na secção “Relações de casal” (p. 120), em que o objectivo principal da actividade é “entender alguns aspectos presentes no relacionamento de um casal”, é proposta a actividade “Relações de Casal(ais)” (p. 122) em que se faz “ ... um brainstorming das razões que estão subjacentes ao estabelecimento de uma relação de casal” e são propostos três tipos de casais: heterossexual, homossexual feminino e homossexual masculino. Quando, no início de 2005, a APF foi criticada, com grande impacto na comunicação social, pelo tipo de actividades de educação sexual que utilizava nas escolas, esta foi uma das actividades mais referida. As críticas feitas ao trabalho desenvolvido reflectem claramente o heterossexismo dominante na nossa sociedade. Mas a APF defendeu a sua orientação teórica e manteve uma postura concordante com os seus objectivos. E essa postura reflectiu-se em actos concretos, como por exemplo: no seu V Encontro em Educação Sexual - Partilhar e Reflectir Experiências, organizado em 17 de Maio de 2005, convidou uma activista do movimento de defesa dos direitos das lésbicas a apresentar uma comunicação sobre a “Abordagem e enquadramento da orientação sexual em contexto escolar”. <br /><br />Claramente, este livro tem uma abordagem inclusiva e positiva da diversidade das orientações sexuais. No entanto, verificámos algumas lacunas que importa analisar. Por exemplo, embora se refira que “ ... é importante tomar consciência das dificuldades que, nesta fase, experimentam muitos jovens homossexuais ou bissexuais, cujos desejos estão em contradição com as normas dominantes” (p. 110), não se propõem actividades para desenvolver competências para lidar com essas dificuldades, nomeadamente na relação com os pais, amigos e sociedade em geral. <br />Na secção “A sexualidade e a Lei” (p. 124) em que o objectivo explícito é “Entender a Lei como fazendo também parte das dimensões da Sexualidade”, não se refere a situação de discriminação legal dos homossexuais. Não são referidas as limitações legais impostas aos homossexuais relativamente a questões centrais da sexualidade como o acesso ao casamento civil, à procriação medicamente assistida e à adopção, direitos que são reservados aos heterossexuais. <br /><br />O livro Para compreender a sexualidade (López & Fuertes, 1999), traduzido do original espanhol de 1989, tem uma atitude geral positiva e inclusiva das várias orientações sexuais. Mas, numa análise mais detalhada, podemos encontrar alguns aspectos que merecem reflexão. <br />Quando se fala da “aprendizagem por observação dos outros” explicitando que “Quando os rapazes e as raparigas dão a mão, se beijam, acariciam ou fazem amor pela primeira vez, já viram estes comportamentos centenas de vezes.” (p. 80), não é referida a não existência de modelos de pares homossexuais nem o impacto que essa realidade tem na vida dos jovens. <br />Sobre a lubrificação vaginal diz-se que é “ ... , necessária para que a introdução do pénis, assim como os seus movimentos no interior da vagina, não causem incómodo ou dano.” (p. 94), limitando a este único comportamento o papel desta resposta fisiológica na relação sexual. A penetração não é necessariamente só feita (mesmo nas relações heterossexuais) com um pénis e a lubrificação vaginal pode ter outras abordagens, nomeadamente ao nível do seu papel na relação sexual, podendo por exemplo, ser um indicador importante para a/o parceira/o e funcionar como factor de excitação. <br />Existe uma secção sobre “A especificação da orientação do desejo sexual” (p. 104) onde se fala de diferentes orientações sexuais e em que se refere “Acreditamos que a consciencialização social em relação ao facto de a heterossexualidade, a homossexualidade e a bissexualidade serem apenas alternativas diferentes quanto à sexualidade levaria a atitudes mais abertas e uma maior tolerância.” (p. 107). Mas ainda se utiliza o termo “tolerância” e não a palavra “respeito”. E quando se fala de estudos que comprovam que “O facto de alguém ter algum contacto homossexual na adolescência não significa necessariamente que a orientação do desejo seja ou vá ser homossexual.” (p. 111) não se refere a falta de estudos sobre a situação inversa, nem é feita uma reflexão sobre as possíveis razões subjacentes à não existência dos mesmos. <br />Fala-se de sexo oral e de coito quando se fala de heterossexualidade “ ... comportamentos heterossexuais (sexo oral, coito ...)” (p. 112), mas nunca são referidos estes ou outros comportamentos nas relações sexuais entre duas pessoas do mesmo sexo. <br />No capítulo das “Doenças transmissíveis sexualmente” fala-se de comportamentos homossexuais, mas exclusivamente nos masculinos “ ... deve utilizar-se o preservativo quando se mantêm relações homossexuais” (p. 118). Não são referidos métodos de sexo seguro para comportamentos sexuais em que o pénis não é o elemento principal, como por exemplo no cunnilingus, seja praticado entre mulheres ou entre um homem e uma mulher.<br />É feita uma caracterização dos casais homossexuais em que se fala de relações de casal estáveis, mas em que se refere que também “... formam casais abertos, nos quais não se exclui a relação com outras pessoas, e a maioria muda frequentemente de parceiro ou, simplesmente, não tem relações sexuais.” (p. 124). Esta caracterização pode ser entendida como tendenciosa porque quando se fala da realidade heterossexual não são referidas este tipo de situações, nem é feita uma reflexão sobre a influência nos comportamentos da discriminação legal (não é permitido o casamento civil) e do não reconhecimento social das relações homossexuais.<br /><br />É importante salientar o facto de nestes dois livros existir uma atitude claramente positiva relativamente à homossexualidade, apesar das limitações analisadas. E é interessante reflectirmos sobre o facto de terem sido publicados antes do movimento associativo de defesa dos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros) ter uma expressão significativa em Portugal.<br /><br />Uma das observações mais relevantes e transversais à leitura dos dois livros é a dificuldade em encontrar informação específica e detalhada sobre relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. É difícil encontrar informação sobre comportamentos concretos, respostas fisiológicas associadas e métodos que possibilitem a prática de relações sexuais seguras entre duas pessoas do mesmo sexo. No caso de relações sexuais entre mulheres esta situação ainda é mais agravada porque todos os comportamentos seguros referidos pressupõem a existência de pénis na relação e respectiva utilização de preservativo. Consideramos que para além de poder ser entendida como manifestação de heterossexismo, esta omissão contribui para a não divulgação de comportamentos seguros nas relações sexuais homossexuais. <br />Quem procurar informação sobre relações sexuais entre mulheres, práticas e riscos associados, dificilmente a encontrará na bibliografia académica e científica disponível. Esta informação só pode ser encontrada ao nível das associações de defesa dos direitos LGBT. No entanto, a informação produzida pelas associações não consegue ter uma divulgação abrangente como a de outras instituições com mais reconhecimento social e capacidade económica. Para além de que a informação veiculada pelas associações de defesa dos direitos LGBT, é procurada predominantemente por mulheres que se auto identificam como lésbicas, e não por mulheres que têm comportamentos sexuais com outras mulheres mas que não se auto identificam como lésbicas. Esta limitação é mais um factor que reduz a eficácia na prevenção de comportamentos sexuais de risco.<br /><br />Consideramos que a informação sobre educação sexual apresentada de forma integrada, não separando as abordagens dos comportamentos considerados heterossexuais dos homossexuais, será a forma mais abrangente e respeitadora da diversidade da sexualidade humana. <br /><br />Frade, Alice, Marques, António Manuel, Alverca, Célia, Vilar, Duarte (2001). Educação Sexual na Escola - Guia para Professores, Formadores e Educadores. Lisboa: Texto Editora. 1ª edição em 1992.<br />López, Félix, Fuertes, Antonio (1999). Para compreender a sexualidade. Lisboa: Associação para o Planeamento da Família. Traduzido da edição espanhola de 1989.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1175691897348585372007-04-04T14:00:00.001+01:002008-05-18T18:32:04.096+01:00Educação Sexual e Valorização da Diversidade<p>Explicitámos, desde o início deste espaço, que valorizamos a diversidade, nomeadamente de opiniões e de expressões da sexualidade. O modelo de educação sexual em que acreditamos e com que trabalhamos:<li>respeita o direito à diferença e a pessoa do outro, nomeadamente os seus valores, a sua orientação sexual e as suas características físicas;</li><li>promove a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres;</li><li>reconhece e promove o respeito pelas diferentes expressões da sexualidade ao longo do ciclo da vida;</li><li>rejeita as expressões de sexualidade que envolvam violência ou coacção, ou relações pessoais de dominação e de exploração.</li></p><p>Trata-se do modelo de educação sexual com que a Associação para o Planeamento da Família sempre tem trabalhado e que se encontra expresso em vários dos seus materiais informativos.<br />A intervenção educativa baseada neste modelo tem sido, no entanto, seriamente limitada pelo facto dos materiais educativos disponíveis em Portugal apresentarem modelos estereotipados e normativos de corpos, famílias, relações amorosas, e expressões da sexualidade. Modelos que não permitem a cada criança, jovem ou pessoa adulta a sua identificação com o que está representado e, portanto, valorizado. Até há bem pouco tempo, as fotografias e desenhos dos materiais educativos, incluindo os manuais escolares, não representavam a diversidade, que existe e que enriquece a realidade: diversidade de aparências, diversidade racial e étnica, diversidade de famílias e de formas de viver as relações afectivas e amorosas...</p><br />Uma situação interessante para reflectirmos é a diversidade de repostas que obtemos de crianças do 1º ciclo, quando questionadas sobre como é constituída uma família e como são constituídas as famílias que eles conhecem, ou sobre como nascem e como se fazem os bebés. Esta diversidade de respostas é representativa da diversidade da realidade. Não obstante, são ainda muito pouco numerosos os materiais educativos que representam esta mesma realidade quando abordam estes temas.<br /><br />Por outro lado, e referindo uma situação que quase pareceria caricata, se não fosse promotora da ignorância e da desigualdade, também só na última meia dúzia de anos, começou a ser possível encontrar em Portugal materiais escolares em que fossem apresentados os órgãos sexuais externos femininos. Note-se que, no que se refere aos órgãos sexuais masculinos, sempre foi fácil encontrar, em tais materiais, representações tanto dos órgãos externos como dos órgãos internos.<br /><br />Este tipo de exclusões e discriminações têm diminuído, mas estão ainda longe de acabar. Temos, aliás, analisado algumas outras neste espaço “Sexualidades no Feminino”: por exemplo, quando falámos de sexo mais seguro entre mulheres, realçámos a falta de informação sobre esta questão quando comparada com a quantidade de informação disponível sobre sexo mais seguro entre homens ou entre homens e mulheres.<br /><br />Em educação sexual, o silêncio sempre foi uma estratégia utilizada. Uma estratégia que não significava ausência de educação sexual. Significava, e infelizmente ainda significa em muitas situações, que não se deve falar de algumas questões, porque supostamente algo de muito errado está ligado a elas. Nomear, explicitar, determinadas questões em detrimento de outras, significava, e significa, não ser inclusivo e promover a desigualdade de oportunidades.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1170760641969312142007-02-06T11:13:00.001+00:002008-05-18T18:32:48.344+01:00Encontro Nacional sobre o tema: “Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez”O Clube Safo organizou, dia 27 de Janeiro no Porto, um Encontro Nacional sobre o tema: “Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez”.<br />Este tema foi escolhido por considerarmos que é fundamental a nossa participação nas questões marcantes da nossa sociedade. Entendemos que a luta pela defesa dos direitos das lésbicas não é uma luta isolada, por isso defendemos a transversalidade na intervenção social e política: quanto mais direitos e liberdades forem conquistados numa determinada área, mais direitos e liberdades são conquistados para tod@s.<br /><br />Foi feita uma reflexão e discussão, com base no “Estudo-Base sobre as Práticas do Aborto em Portugal”, realizado pela Associação para o Planeamento da Família, e destacaram-se as seguintes questões:<br /><br />• <strong>Contracepção:</strong> foi considerado muito preocupante que uma grande percentagem de mulheres que realizaram um aborto não estivessem a usar qualquer método contraceptivo, e que uma considerável percentagem de mulheres estivessem a utilizar técnicas que não podem ser considerados métodos contraceptivos (“fazer contas”).<br />Foi, assim, realçada a necessidade urgente de investir na educação sexual. A informação sobre os métodos contraceptivos, sobre a forma de os utilizar e sobre como os adquirir, deve chegar a todos e a todas, quer através da escola, quer através do médico/a de família. Foi ainda considerado fundamental garantir a confidencialidade quando assim for desejado por cada pessoa.<br />No entanto, foi enfatizado que os métodos contraceptivos podem falhar e que as mulheres poderão engravidar, mesmo que utilizem correctamente a contracepção. A probabilidade de tal acontecer é, porém, baixa.<br /><br />• <strong>Aconselhamento sobre contracepção após o aborto:</strong> foi considerado grave o facto da grande maioria das mulheres não ter sido aconselhada sobre contracepção depois do aborto. Foi realçada a importância deste aconselhamento acontecer para que sejam evitadas futuras gravidezes não desejadas, tendo sido dito que o facto da interrupção voluntária da gravidez acontecer num estabelecimento de saúde autorizado poderá garantir esta questão fundamental.<br /><br />• <strong>Complicações de saúde após o aborto:</strong> uma questão que mereceu preocupação e reflexão é a da necessidade que muitas mulheres tiveram de recorrer a um serviço de saúde para completar o aborto depois de ter utilizado o método dos “comprimidos”. Mais de metade das mulheres que utilizaram comprimidos para interromper voluntariamente a gravidez, não os tiveram por recomendação médica, tendo sido arranjados por uma pessoa amiga.<br />A inseguranças na prática do aborto em Portugal poderá ser reduzida com a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez até às 10 semanas, após o referendo.<br /><br />• <strong>Decisões difíceis:</strong> foi reconhecido como expectável que a decisão de interromper voluntariamente a gravidez tenha sido considerado difícil, muito difícil ou muitíssimo difícil pela grande maioria das mulheres. Considerou-se uma excepção que as mulheres pudessem não considerar difícil recorrer à IVG.<br /><br /><br />Foi a primeira vez que organizámos um encontro sobre um tema não especificamente relacionado com a defesa dos direitos das lésbicas. Pela primeira vez, também, tivemos um encontro com tão poucas mulheres.<br />Perante este facto, sentimos a necessidade de nos questionarmos sobre as possíveis causas da fraca adesão das mulheres, que habitualmente participam nas actividades do Clube Safo.<br /><br />O debate com as mulheres presentes no encontro, levantou algumas questões:<br /><br />□ Existirem muitas iniciativas sobre este tema, na mesma altura e promovidas por diversas associações.<br /><br />□ O tema não ser muito significativo para a vida privada das lésbicas e existir falta de solidariedade para com @s heterossexuais.<br /><br />□ Algumas lésbicas e homossexuais têm tendência a ser menos participativos nas questões fracturantes da sociedade, assumindo uma atitude de “adaptação” passiva às normas sociais numa tentativa de se protegerem da rejeição social.<br /><br />□ Outros temas relacionadas com a cidadania, mas não especificamente relacionados com as lésbicas, poderiam ter mais adesão?<br /><br />□ As pessoas que são discriminadas são mais solidárias com outras discriminações diferentes? Ou antes pelo contrário ficam mais centradas nos seus problemas?<br /><br />□ As mulheres não vieram ao encontro, mas irão votar no dia do referendo?<br /><br /><br />Não foram encontradas nenhumas respostas conclusivas. Mas ficaram no ar algumas interrogações e dúvidas que nos poderão levar a futuros debates sobre o envolvimento e participação das lésbicas nas acções de defesa de direitos não especificamente relacionados com a discriminação com base na orientação sexual. Será certamente um tema interessante para aprofundarmos.<br /><br />E como mensagem final queremos deixar o apelo - no <strong>dia 11 de Fevereiro vão votar!</strong>Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1163340643576355992006-11-12T13:55:00.002+00:002008-05-18T18:37:46.465+01:00<strong>Sessão sobre:<br />"Comportamentos sexuais entre mulheres: práticas de sexo seguro"</strong><br /><br />Dia 9 de Dezembro 2006 - 15h00<br /><br />Rua Formosa, nº 433, 3º andar - Porto<br />gentilmente cedida pela Umar<br />(próximo da Av. dos Aliados)<br />Não é necessária inscrição prévia <br /><br />-------------------------------------------------------------------------------<br /><br />Este texto apresenta algumas conclusões da sessão “Comportamentos sexuais entre mulheres: representações, práticas e fantasias” realizado em Julho no Porto, com a colaboração das Panteras Rosa.<br /><br />A sessão teve como objectivos: identificar as práticas sexuais entre mulheres e a percepção da sua frequência; avaliar o grau e os factores de risco associados, nomeadamente no que se refere à transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST's); identificar possíveis formas de protecção para as diferentes práticas.<br /><br />Para melhor enquadrarmos as conclusões desta sessão, apresentamos também informação recolhida de alguns sítios na internet sobre sexo seguro entre mulheres. É de salientar que, na pesquisa que realizámos, não encontrámos nenhuma fonte de informação em Portugal que apresentasse de forma clara dados relativos a práticas sexuais entre mulheres, riscos associados e formas de protecção.<br /><br />Relativamente aos resultados da sessão podemos agrupá-los no seguinte quadro: <br /><br /><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/1600/Image1.1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/400/Image1.0.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Comportamentos não mencionados no encontro mas que são referidos nas fontes de informação pesquisadas:<br /><br /><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/1600/Image2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/400/Image2.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br />Podemos concluir que as mulheres presentes no encontro têm uma percepção adequada sobre os riscos associados aos comportamentos sexuais e sobre quais as formas de protecção que podem ser utilizadas. O que parece apresentar mais dificuldades é a passagem à prática, isto é, a efectiva utilização dos métodos de protecção. Razões subjacentes serão certamente: a não divulgação (não existem campanhas que sensibilizem para a utilização de luvas ou barreiras de látex em comportamentos sexuais, como por exemplo as que já existem há muito tempo em relação ao preservativo masculino), bem como a não comercialização dos referidos métodos de protecção (todo o material sugerido ou é material originalmente produzido para outros fins ou não está comercializado em Portugal). <br /><br /><br />Algumas informações sobre material disponível e sua utilização (ilustrações - <a href="http://www.umoutroolhar.com.br/cartilha.htm">www.umoutroolhar.com.br/cartilha.htm</a>):<br /><br /><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/1600/luvas.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/400/luvas.jpg" border="0" alt="" /></a>Barreira de látex<br />Em Portugal não é comercializada a barreira de látex (dental dam) que consiste num quadrado de látex reutilizável após lavagem com sabão neutro. No entanto, podemos construir um a partir de uma luva de látex, conforme figura acima. Também é possível utilizar uma barreira feita a partir de um preservativo (e como alguns preservativos já são feitos a pensar no sexo oral, o seu sabor será certamente mais agradável do que o das luvas de látex).<br />Na prática do tribadismo vaginal aconselha-se a utilização de algum tipo de cinto para fixar a barreira de látex.<br />Alguns materiais educativos recomendam o uso de película aderente. Embora possa ser utilizado na ausência das barreiras descritas acima, o certo é que este produto obedece a critérios de qualidade para preservação de alimentos e não para prevenção de IST. <br /><br /><br /><br /><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/1600/luvas2.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/400/luvas2.jpg" border="0" alt="" /></a>Luvas <br />Para penetração vaginal ou anal. Nunca utilize a mesma luva na zona vaginal depois de ter tocado na zona anal, ou em duas pessoas diferentes (por exemplo tocar-se depois de ter tocado a parceira). A utilização de lubrificante pode facilitar a utilização deste material tornando-o mais agradável ao toque. É referido que se pode utilizar lubrificante também no interior da luva para dar uma sessão mais agradável à que está a utilizá-la. Se utilizar lubrificante certifique-se que é de base aquosa para não provocar irritações nem danificar o látex. <br /><br /><br /><br /><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/1600/preser.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/6171/1689/400/preser.jpg" border="0" alt="" /></a>Preservativo: Nos instrumentos sexuais, como por exemplo vibradores ou dildos, utilize um preservativo para uma penetração segura e higiénica. Antes de partilhar os instrumentos, troque de preservativo.<br /><br /><br /><br />Fontes de informação:<br /><br />Opening the Window<br />A Guide to Lesbian Health<br />Produzido por Lesbian Health Project, ACON (Aids Council of NSW)<br />Novembro 2003<br /><a href="http://www.acon.org.au ">www.acon.org.au </a><br /><br />Cartilha Prazer sem Medo<br />Projecto Mulheres & Mulheres: Prazer sem Medo <br />Realização: Rede de Informação Um Outro Olhar - Brasil<br />Versão para Internet – Março de 2004<br /><a href="http://www.umoutroolhar.com.br/cartilha.htm ">www.umoutroolhar.com.br/cartilha.htm </a><br /><br /><br />Girl to Girl <br />Welcome to the Digital Revolution<br /><a href="http://www.girl2girl.info ">www.girl2girl.info </a>Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1157669021925890902006-09-07T23:41:00.002+01:002008-05-18T18:38:12.059+01:00Sexo mais seguro: Da informação, às decisões e comportamentosPara que cada mulher, decida utilizar, e utilize, métodos de sexo seguro, tornam-se necessárias várias condições:<br /><br /> <strong>Conhecer quais os comportamentos sexuais que não são seguros, os riscos associados e as suas consequências.</strong> A informação sobre as formas de contaminação das Infecções Sexualmente Transmissíveis é uma condição essencial para que os riscos se tornem conscientes. No entanto, quando se trata de comportamentos sexuais entre mulheres, as dificuldades em obter informação clara e objectiva é acrescida. Como já referimos em post anterior, muitos folhetos informativos dedicados à temática das IST não referem a existência de comportamentos sexuais entre mulheres. Outros, quando os referem, não os consideram como sendo de risco. Ainda noutros casos, quando encontramos folhetos que identificam alguns comportamentos sexuais entre mulheres como sendo de risco, a informação apresentada é frequentemente inconsistente e até contraditória, como é o caso da informação sobre os riscos associados ao sexo oral. Para tentarmos contribuir para mudar esta situação estamos a desenvolver este projecto no sentido de produzirmos informação completa, clara e objectiva sobre os riscos de contaminação de ISTs em comportamentos sexuais entre mulheres.<br /><br /> <strong>Conhecer os métodos que tornem os comportamentos sexuais mais seguros.</strong> Conhecer os métodos inclui conhecer o seu grau de segurança e as suas formas de utilização. Inclui, ainda, estar sensorialmente familiarizada com os mesmos. Mas se os métodos e materiais não estão divulgados nem são comercializados é difícil as mulheres terem oportunidade de os conhecerem e de os experimentarem. Aliás os métodos e materiais existentes estão pouco desenvolvidos, sendo na sua maioria adaptações de materiais pensados para outros fins.<br /><br /> <strong>Ter acesso aos métodos</strong>, ou seja, ser fácil e não demasiado dispendioso adquiri-los. Alguns exemplos das dificuldades com que uma mulher se pode deparar: se quiser comprar luvas de látex, terá que optar por uma farmácia e comprar um produto que foi concebido tendo em conta outro tipo de prática - as luvas de látex utilizadas na saúde não estão pensadas para um relacionamento sexual, o seu paladar não foi pensado no sentido de se poder levar as luvas à boca; se quiser utilizar barreiras de látex então a situação é muito mais complicada porque a sua comercialização é muito restrita e de difícil acesso.<br /><br /> <strong>Ser capaz de antecipar a necessidade de utilização dos métodos de sexo seguro</strong>, o que inclui a capacidade de reconhecer que as relações sexuais podem acontecer de forma inesperada. Só esta consciência prévia pode garantir que cada pessoa tenha acesso aos métodos de que necessita, nos momentos em que deles necessita.<br /><br /> <strong>Desejar comunicar e ser capaz de comunicar sobre os métodos</strong> com a parceira, antes e/ou durante as relações sexuais. Mas para que este tipo de comunicação exista é necessário que estejam desenvolvidas competências para comunicar sobre o corpo e sobre a sexualidade. Não nos parece provável que se possa comunicar de forma fácil sobre métodos de sexo seguro com a parceira, se não se conseguir falar simplesmente do corpo, dos sentimentos, dos desejos, etc. Os métodos são apenas uma parte desse diálogo. E esta é uma aprendizagem que tem de ser feita por todas numa cultura que não nos prepara para encarar a sexualidade como algo bom e gratificante.<br /><br />O encontro “Comportamentos sexuais entre mulheres: representações, práticas e fantasias” realizado em Julho no Porto, em colaboração com as Panteras Rosa, foi mais uma das etapas deste projecto sobre sexo seguro. Citamos, por isso, parte de um comentário feito pela Patrícia das Pantera Rosa:<br />“A primeira parte visava uma reflexão sobre a (auto) representação dos comportamentos sexuais entre mulheres: a identificação de práticas sexuais entre mulheres, a avaliação do grau e dos factores de risco de transmissão de IST's (infecções sexualmente transmissíveis) associados, a identificação também da frequência percepcionada dessas práticas sexuais entre mulheres, e formas de protecção.<br />Na segunda parte, compararam-se e discutiram-se os resultados dos dois grupos; apresentou-se e discutiu-se também o folheto "Lésbicas com muito prazer - Pequeno guia de sexo lésbico mais seguro" (disponível em www.panterasrosa.com/sexolesbico.html), foram levantadas algumas limitações e sugeridas alterações para o folheto.<br />Para uma próxima sessão, ficou a parte mais prática, nomeadamente a discussão, apresentação e manuseamento das formas de protecção.<br />Esta sessão será repetida, em formato alargado e incluindo já a componente prática, em Lisboa num futuro próximo.”Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1149696897238313312006-06-07T17:11:00.003+01:002008-05-18T18:38:39.322+01:00O Grupo Local de Intervenção do Porto do Clube Safo, vai organizar em conjunto com as Panteras Rosa, uma sessão sobre: "Comportamentos sexuais entre mulheres:representações, práticas e fantasias".<br /><br />Este encontro tem como objectivos principais, identificar comportamentos sexuais entre mulheres, a sua frequência, grau de risco associado e formas de protecção.<br /><br />Uma das actividades a realizar será a análise do folheto:<br />Lésbicas com muito prazer - Pequeno guia de sexo lésbico mais seguro<br />Alex, Faina, Louise: Lesbiennes pour de bon, 2002<br />Tradução Patrícia - Arranjo gráfico Vanda<br />Panteras Rosa - Frente de Combate à Homofobia<br />Este folheto está disponível online em: <a href="http://www.panterasrosa.com/sexolesbico.html">http://www.panterasrosa.com/sexolesbico.html</a><br /><br /><br />Sessão sobre "Comportamentos sexuais entre mulheres: representações, práticas e fantasias"<br />Dia 1 de Julho - Sábado - <strong>alteração da hora de início para as 13h30</strong><br /><br />Quem quiser poderá ver o jogo Portugal-Inglaterra, às 16h00, connosco!<br />Rua Formosa, nº 433, 3º andar - Porto<br />(próximo da Av. dos Aliados)<br />gentilmente cedida pela Umar<br /><br /><br /><br /><strong>Infecções Sexualmente Transmissíveis e Comportamentos de Risco<br /></strong><br />As Infecções Sexualmente Transmissíveis, ou ISTs, transmitem-se de formas diversas. É sempre necessário considerar as formas de contacto entre fluidos corporais, ou seja sangue, esperma e secreções vaginais, saliva, lágrimas e suor.<br /><br />Os contactos sangue – sangue, sangue – líquidos sexuais e líquidos sexuais – líquidos sexuais são os principais meios de infecção e, portanto, os comportamentos que impliquem estes contactos são comportamentos de grande risco para as ISTs, nomeadamente para a infecção pelo HIV.<br /><br />O que é necessário pensar é como é que tais contactos são possíveis e como evitá-los. Claramente, os contactos entre órgãos genitais são de risco, bem como a partilha de brinquedos sexuais, ou, por exemplo, o contacto das mãos e dos dedos com os próprios líquidos sexuais e com os da parceira. A presença de menstruação, ou de quaisquer feridas, torna estes comportamentos ainda mais perigosos, pois para além de permitirem o contacto líquidos sexuais – líquidos sexuais permitem o contacto sangue – líquidos sexuais.<br /><br />No caso do HIV, teoricamente, também é possível a infecção através de inseminação artificial (esperma do dador infectado). Um comportamento em que parece não haver acordo quanto ao nível de risco de infecção pelo HIV é o de lamber a zona genital feminina (sexo oral ou cunnilingus), nomeadamente a vagina. O que parece claro é que o risco aumenta quando há presença de menstruação, feridas na boca ou na zona genital, ou outras infecções vaginais.<br /><br />O sexo oral é, de qualquer forma, um comportamento de risco porque permite o contágio de diversas ISTs.<br /><br />Por outro lado, os contactos com o ânus podem conduzir a infecções diversas, quer devido a agentes infecciosos que existem nas fezes, quer porque as fezes podem conter sangue, mesmo que não visível.<br /><br />O sexo seguro é o conjunto de comportamentos que não permitem a transmissão de ISTs.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1144779535019987322006-04-11T19:14:00.001+01:002008-05-18T18:36:20.993+01:00HeterossexismoHeterossexismo foi um termo proposto por Stephen Morin em 1977, e refere-se à ideia de que a heterossexualidade é a orientação sexual “normal” e “natural”. Ao considerar a heterossexualidade “normal”, contrapõe-se a ideia de que as outras orientações sexuais (homossexualidade e bissexualidade) são um desvio à norma e reveladoras de perturbação. Não são encaradas como um dos aspectos possíveis na diversidade das expressões da sexualidade humana. O considerar a heterossexualidade como “natural”, aponta para algo inato, instintivo e que não necessita de ser ensinado ou aprendido. O termo heterossexismo também é utilizado para designar os preconceitos existentes contra os homossexuais, bem como os comportamentos deles decorrentes.<br /><br />Temos como algumas das principais consequências do heterossexismo, o validar que existe um sistema de papéis de género dual (masculino e feminino) de acordo com o sexo biológico, e o considerar que todas as pessoas são heterossexuais, salvo prova em contrário.<br /><br />O heterossexismo funciona através de um sistema de negação e discriminação – a sociedade tende a negar a existência da homossexualidade, tornando-a invisível (em quantos manuais escolares existem referências neutras ou positivas à homossexualidade?) e tende a reprimir e discriminar todos aqueles que se tornam visíveis.<br /><br />Quando se trata do meio escolar, o heterossexismo institucional apresenta características específicas. De acordo com a nossa Constituição, a escola deve proporcionar um espaço seguro a todos os jovens, educar para a igualdade de oportunidades e desenvolver o espírito da tolerância e o respeito mútuo. (artigo 73º)<br /><br />O primeiro passo para desmantelar o heterossexismo nas nossas escolas é nomeá-lo, identificá-lo, e oferecer alternativas às práticas tradicionais a que já nos habituámos. Como forma de concretizar o que atrás afirmámos, vamos analisar um tipo de comportamento que podemos observar no meio escolar: as agressões verbais. Por exemplo, é considerado um insulto chamar “fufa” a uma rapariga ou “maricas” a um rapaz. Muitos jovens que são alvo destes insultos, não o são por causa da sua orientação sexual, mas por causa da sua diferença – seja a forma do corpo, estilo pessoal, raça, género, comportamento, etc. O que queremos salientar, é o conteúdo insultuoso da expressão, e não a sua ligação a realidades concretas.<br /><br />A agressão verbal, mesmo quando limitada à provocação, pode interferir negativamente com o desenvolvimento psicossocial dos jovens. As palavras magoam, e têm o poder de afectar negativamente a auto estima e provocar sentimentos de insegurança. Especialmente quando os incidentes pontuais se transformam num padrão.<br /><br />Ignorar, permitir ou desculpar este tipo de comportamento, reafirma a ideia de que é lícito agredir verbalmente alguém, e reafirma a conotação pejorativa das expressões utilizadas (reforçando o heterossexismo).<br /><br />Como alternativa achamos que, nestas situações, uma proposta de intervenção positiva e eficaz pode ser: interromper o comportamento e educar os jovens nele envolvidos. É importante esclarecer acerca dos termos utilizados como forma de agressão, fornecendo informação actualizada e baseada em conhecimentos científicos. Deve ser clarificado que a homossexualidade não é uma perturbação ou anomalia. E transmitir a ideia de que a orientação sexual pode variar dentro de um continuo que vai da homossexualidade exclusiva até à heterossexualidade exclusiva, passando por várias formas de bissexualidade. O essencial é educar no sentido do reconhecimento da diversidade da sexualidade humana, e do respeito pelo outro.<br /><br />Para se desenvolver este tipo de comportamentos, convém reflectir em como todos nós fomos sujeitos a uma educação repleta de modelos quase exclusivamente heterossexuais. E estes modelos estiveram presentes não só na família e na escola, mas também na rua, na comunicação social, etc. O mundo à nossa volta, a televisão, os filmes, as revistas, estão permanentemente a bombardear-nos com imagens e estereótipos de relações amorosas entre um homem e uma mulher. As músicas, filmes e livros que falam de amor e sexualidade, são quase na sua totalidade sobre relações heterossexuais. Perante este cenário, não é expectável que se consigam desenvolver competências que nos permitam ter uma atitude não-heterossexista.<br /><br />Por isso, tendo em conta o momento actual em que tanto se fala de projectos de concretização de políticas de educação sexual nas escolas, consideramos que uma das medidas prioritárias é disponibilizar formação aos agente educativos, ou seja, a todos os cidadãos e cidadãs.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1138884220484538952006-02-02T12:39:00.001+00:002008-05-18T18:37:09.155+01:00As relações sexuais lésbicas são mais seguras que as relações sexuais heterossexuais? Que riscos existem de transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)?<br /><br />Quando procuramos informação sobre os riscos de transmissão das ISTs nos comportamentos sexuais entre mulheres, deparamo-nos com algumas dificuldades. Muitos folhetos informativos dedicados à temática das ISTs nem sequer referem a existência de comportamentos sexuais entre mulheres. Outros, quando os referem, não os consideram como sendo de risco. Ainda noutros casos, quando encontramos folhetos que identificam alguns comportamentos sexuais entre mulheres como sendo de risco, a informação apresentada é frequentemente inconsistente e até contraditória, como é o caso da informação sobre os riscos associados ao sexo oral.<br /><br />Também não é frequente que os técnicos de saúde abordem tais questões ou disponibilizem informação sobre as mesmas. Mesmo quando tal lhes é expressamente pedido.<br /><br />Torna-se neste contexto, muito difícil, para qualquer jovem, ou mulher adulta, ter acesso a informação que lhe permita conhecer os riscos associados aos comportamentos sexuais entre mulheres e, por isso mesmo, torna-se também muito difícil fazer opções informadas sobre como tornar seguros os seus comportamentos sexuais.<br /><br />Para além do preservativo masculino, amplamente divulgado por campanhas diversificadas que promovem a sua utilização, não são divulgados, nem disponibilizados, outros materiais, nomeadamente os pensados para os comportamentos sexuais entre mulheres, como por exemplo as luvas ou as barreiras de látex.<br /><br />É interessante verificar que nas grandes campanhas públicas de sensibilização relativamente às ISTs, quase sempre centradas nas relações sexuais heterossexuais, o único método referido para tornar o sexo seguro é a utilização do preservativo. Mais uma vez, a questão é que a atenção fica centrada na penetração, ou talvez mais do que no comportamento, no agente do comportamento - no pénis.<br /><br />Por exemplo, em relação ao sexo oral encontramos produtos no mercado destinados ao sexo oral masculino (fellatio), como os preservativos com sabores. Mas não estão nem divulgados, nem acessíveis no mercado produtos destinados ao sexo oral feminino (cunnilingus). Neste caso a questão não é específica dos comportamentos sexuais entre mulheres, uma vez que este é um comportamento que também se inclui nas relações sexuais heterossexuais.<br /><br />A não divulgação e não disponibilização de métodos de sexo seguro entre mulheres cria uma situação em que, por um lado, a indústria não investe por não existir procura, e em que, por outro, a procura não aumenta porque não há divulgação, nomeadamente publicidade dos produtos.<br /><br />Se pensarmos em práticas sexuais podemos concluir que a maior parte dos comportamentos sexuais entre mulheres também podem existir entre uma mulher e um homem. Logo, quando os folhetos informativos e campanhas publicitárias se centram só num comportamento específico (a penetração) ignorando todos os outros (que também apresentam risco de transmissão de ISTs) não estão só a omitir os comportamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, estão a distorcer, limitar e condicionar a percepção da sexualidade.<br /><br />Não se pode falar de comportamentos sexuais sem falarmos das representações que deles temos. E é aqui que se cruzam a visibilidade de comportamentos sexuais, a sua divulgação, as campanhas de prevenção de ISTs e as mudanças de comportamento. Assim, por exemplo, temos a percepção de que existe uma maior frequência de comportamentos seguros quando se utilizam dildos (portanto, comportamentos com um objecto para o qual existe um método divulgado e disponível). É comum falar-se da utilização de preservativos, nomeadamente da mudança de preservativo se existe partilha do mesmo dildo, ao mesmo tempo que não é tão comum falar-se de outras práticas de sexo seguro entre mulheres.<br /><br />Só se vive uma sexualidade saudável se ela for gratificante. Assim, cada pessoa sente, pensa e decide sobre sexo seguro de forma diferente. E fá-lo-á, em princípio, tanto melhor quanto mais capaz for ela própria, e as que a rodeiam, de falar e reflectir, em conjunto com pares ou técnicos de saúde, sobre o assunto. A informação sobre os vários riscos e métodos de tornar os comportamentos seguros é fundamental, mas também é necessário que esses métodos estejam disponíveis e acessíveis, e, ainda, que sejamos capazes de falar sobre o assunto.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1132583103262607902005-11-21T14:18:00.001+00:002008-05-18T18:39:38.227+01:00<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Este texto, pretende apresentar uma reflexão sobre as várias contribuições que foram sendo feitas neste espaço e também será publicado, incluindo citação de diversas contribuições, na próxima Zona Livre (a sair no início de Dezembro).</span></div><span style="font-family:verdana;"><div align="justify"><br />As formas de comunicação que nos rodeiam, na televisão, nos filmes, em músicas, publicidade, literatura, conversas de café, entre outras, transmitem uma visão da sexualidade que se caracteriza pela sua hiper-valorização face a outros aspectos da vida, por ser eminentemente fonte de prazer e o meio de alcançar o maior grau de satisfação. É considerada como algo central e fundamental na vida. </div><div align="justify"><br />Considerar que a vida sexual activa implica sempre comportamentos sexuais entre dois parceiros de sexo diferente é mais do que uma visão heterossexista, é uma abordagem redutora, uma vez que não reconhece que vida sexual activa existe sempre, uma vez que somos seres sexuados. Ela existe quando estamos a ler um livro, a tomar banho de mar ou a ouvir uma música. E estamos a falar na possibilidade de vivências sexuais concretas, conscientes e gratificantes, numa perspectiva mais lata da sexualidade que não se restringe à genitalidade.</div><div align="justify"><br />Ainda na perspectiva das mensagens, sobre sexualidade, que nos envolvem todos os dias e a toda a hora, valoriza-se o novo, a descoberta, o explosivo e incontrolável, a quantidade como sinónimo de bom e desejável, e a ausência de desejo de relações com outras pessoas como algo negativo ou indicador de alguma falha. </div><div align="justify"><br />Questionamo-nos se a leitura que se faz da sexualidade nas relações lésbicas, embora fora do padrão heterossexista, se continua a inscrever num padrão mais geral e uniformizador da sexualidade. Sexualidade entendida enquanto relação sexual genital com pelo menos duas parceiras envolvidas, com o respectivo estado de excitação inicial, concretização de comportamentos sexual-genitais e o desejável e muito procurado clímax com o orgasmo (no caso das mulheres ainda com a procura dos orgasmos múltiplos – valorizados em relação a um orgasmo único, mantendo o padrão de a quantidade ser sempre o aspecto mais valorizado). </div><div align="justify"><br />Todas estas considerações são situadas no contexto actual a nível de época cultural e civilizacional. Noutra época ou cultura as mesmas realidades seriam necessariamente interpretadas de forma diversa.</div><div align="justify"><br />Neste contexto, numa relação amorosa, a vertente sexual tem um protagonismo enorme relativamente a outras vertentes da vida a duas. Sem vida sexual activa (entendida da forma atrás descrita) é posta em causa a possibilidade de continuação da própria relação.</div><div align="justify"><br />Embora se possa entender que se deve lidar com as questões da vida sexual como lidamos com todos os aspectos da vida, sabemos que a existência de relações sexuais fora do contexto do casal é entendido como infidelidade e provoca reacções muito mais fortes e radicais do que se estivermos a falar de uma ida ao cinema ou ir lanchar fora com alguém. Onde começa e acaba a influência que o nosso meio cultural e civilizacional tem nesta nossa reacção e o que poderá haver de universal e transversal a todos os seres humanos, é algo que entendemos ser muito difícil de estabelecer com um mínimo de precisão.</div><div align="justify"><br />Que a sexualidade feminina tem sido silenciada e pouco considerada quando se fala de sexualidade, e que a referência é sempre o desejo no masculino, é um dado que nos parece ser consensual. No entanto temos algumas questões que nos parecem ainda pouco claras. Sabemos que biologicamente e a nível da resposta fisiológica as mulheres são diferentes dos homens, a representação da sexualidade feminina também é consideravelmente diferente da masculina, mas parece-nos que as relações amorosas entre duas mulheres reproduzem o mesmo tipo de problemas que as relações hetero, quer a nível de comportamentos quer a nível da sua representação. Temos como exemplos, o entendimento da importância das relações sexuais numa relação amorosa, a valorização da existência de desejo sexual traduzido em comportamentos concretos, e o entendimento do estabelecer de rotinas como algo negativo, de pouca qualidade e comprometedor da qualidade da relação amorosa.</div><div align="justify"><br />Para além da diferença (que não é de forma alguma de subestimar) inerente ao facto de a grande maioria das relações lésbicas serem vividas na invisibilidade (muitas vezes em relação à própria família e amigos) ficamos com uma questão que gostaríamos de ver discutida, existe maior diferença entre relações amorosas homo e hetero do que entre relações amorosas em diferentes sociedades e culturas?</span></div>Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1130360529895712152005-10-26T22:01:00.002+01:002008-05-18T18:41:24.771+01:00Tentando dar continuidade ao debate vamos tentar esclarecer algumas das questões colocadas.<br /><p>O objectivo deste blog é contribuir, através da discussão e informação, para que a sexualidade nas relações lésbicas possa ser vivida de formas mais gratificantes e saudáveis.<br />Ao escolhermos levar este projecto das páginas da Zona Livre (publicação bimestral do Clube Safo) para o espaço virtual de um blog, estamos a assumir a vontade de alargar o leque de possíveis destinatários. Acreditamos que debater estas questões só num grupo restrito não é suficiente para promover a mudança. Por isso definimos este espaço como estando aberto a todas as mulheres e todos os homens que queiram pensar, debater e reflectir sobre a sexualidade nas mulheres. Dar visibilidade a estes temas é contribuir activamente para contrariar o duplo padrão que existe quando se abordam questões de sexualidade em mulheres e homens, sendo a das mulheres sempre mais silenciada e invisível.<br />Esta opção insere-se numa visão mais lata da intervenção do Clube Safo na luta pela defesa dos direitos das lésbicas, em que temos como estratégia de base a promoção da visibilidade das questões específicas das lésbicas, como forma de contribuir para a mudança de mentalidades.<br /><br />Valorizamos a diversidade, nomeadamente de opiniões e de expressões da sexualidade. Consideramos alguns outros valores como também essenciais: recusamos a violência e a coacção, bem como relações de dominação e de exploração; entendemos a sexualidade como forma de comunicação e prazer e encaramos como fundamental a construção de uma sexualidade responsável.<br /><br />As perguntas que colocámos no primeiro post surgiram da nossa percepção, construída ao longo de vários encontros e discussões, sobre algumas questões relativas à sexualidade que preocupam as lésbicas.<br />Foi um primeiro levantamento, pretendemos agora focar a discussão na diminuição de desejo sexual dentro de uma relação amorosa. </p><ul><li>Existe sempre diminuição de desejo sexual dentro de uma relação amorosa? </li><li>Quando é que normalmente ocorre? </li><li>Se houver uma diminuição de desejo sexual diminui também a qualidade da relação? </li><li>Pode colocar em risco a relação? </li><li>Como lidar com essa situação? </li></ul><p>Outras questões ficam por aprofundar, mas este é apenas o início de uma conversa que se deseja longa :-)</p>Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-17511609.post-1128881680528545452005-10-09T19:12:00.003+01:002008-05-18T19:00:52.643+01:00<p>Queremos iniciar o debate, deixando algumas questões e desafiando-vos, desde já, a arriscarem algumas respostas ou a colocarem novas perguntas:</p><ul><li>Sem desejo sexual, pode existir uma relação amorosa feliz?</li><li>Sem relações sexuais, pode existir uma relação amorosa feliz? </li><li>Porque é que, por vezes, entre duas pessoas com uma relação amorosa, o desejo sexual permanece vivo, mas a atracção sexual deixa de existir?</li><li>Uma prática sexual regular potencia ou inibe o desejo sexual?</li><li>Pode existir uma prática sexual satisfatória entre duas pessoas, sem que entre elas exista uma atracção sexual? É o que acontece no sexo virtual?</li><li>Uma mulher sabe sempre melhor do que um homem o que outra quer sexualmente?</li></ul><p><br /><br />Na última Zona Livre demos início a este projecto e lançámos uma proposta de debate sobre um tema: O Desejo. Desejo de proximidade, desejo de intimidade, desejo sexual - iguais, próximos, independentes? Que formas pode ter o desejo sexual, como se manifesta, o que é?<br /><br />Partimos, daqui, para uma análise dos conceitos de desejo sexual e de atracção sexual, no sentido de situar e esclarecer as ligações entre desejo, atracção e comportamentos relacionados. Encontrámos muitas questões, dúvidas, opiniões e, sobretudo, ficámos convictas do interesse de reflectir e debater sobre este tema. Por isto, dedicámos este texto ao desejo, à atracção e aos comportamentos e queremos continuar um debate a partir de um conjunto de perguntas, aspirando a que a partir delas surjam novas questões, ideias, opiniões, informações e outros comentários.<br /><br />Para Félix López e Antonio Fuertes, o desejo sexual tem uma base biológica, verificando-se que as pessoas sentem o desejo sexual como uma necessidade de actividades sexuais. Esta necessidade pode manifestar-se por fantasias sexuais, tensão sexual e vontade de contacto com outra pessoa. Segundo estes autores, para que uma pessoa sinta desejo sexual não tem de existir alguém, ou algo, que é objecto desse desejo. O desejo sexual é um estado interno sentido pela pessoa.<br /><br />Para os mesmos autores, a atracção sexual é o resultado da existência de desejo sexual e de um objecto desse desejo. Quando existe desejo sexual por alguém, ou por algo, sente-se atracção sexual. A atracção dá-se porque alguém, ou algo, é percepcionado como excitante, com valor erótico, provocando uma tendência de aproximação, conquista ou relação, se não estiverem presentes outros elementos que contrariem essa tendência.<br /><br />O desejo sexual pode existir sem atracção sexual e pode, também, permanecer sem ser traduzido em comportamentos. <br /><br />Os comportamentos de satisfação da tensão sexual, resultante do desejo, são diversos e incluem a masturbação e as relações sexuais com outras pessoas. Por outro lado, os comportamentos sexuais nem sempre têm na sua origem um estado de desejo sexual, podendo resultar simplesmente da presença de estímulos, como sons, cheiros, toques ou imagens que provoquem excitação. Como todos os comportamentos humanos, os comportamentos sexuais são o resultado da interacção das muitas dimensões que existem em cada pessoa. A forma como cada mulher se comporta sexualmente depende do seu estado hormonal, nomeadamente da fase do ciclo menstrual, do seu estado de saúde, de bem-estar, mas também das suas crenças e valores, bem como da forma como pensa e sente a sua sexualidade e a dos outros.<br /><br />Iniciámos o debate sobre desejo, atracção, comportamento, no lanche/encontro do Clube Safo que foi organizado e realizado no Porto, no dia 1 de Outubro. Aí, num grupo de oito pessoas, jogámos, pensámos e discutimos à volta destes temas. Queremos continuar o debate, deixando algumas questões e desafiando-vos, desde já, a arriscarem algumas respostas ou a colocarem novas perguntas:<br /><br />§ Sem desejo sexual, pode existir uma relação amorosa feliz?<br /><br />§ Sem relações sexuais, pode existir uma relação amorosa feliz? <br /><br />§ Porque é que, por vezes, entre duas pessoas com uma relação amorosa, o desejo sexual permanece vivo, mas a atracção sexual deixa de existir?<br /><br />§ Uma prática sexual regular potencia ou inibe o desejo sexual?<br /><br />§ Pode existir uma prática sexual satisfatória entre duas pessoas, sem que entre elas exista uma atracção sexual? É o que acontece no sexo virtual?<br /><br />§ Uma mulher sabe sempre melhor do que um homem o que outra quer sexualmente?<br /><br />Na próxima Zona Livre, contamos poder relatar momentos e resultados deste debate, o que só será possível se o debate for participado. Queremos, também na próxima Zona Livre, alargar a abordagem ao tema Desejo, desenvolvendo as suas ligações com as relações amorosas, o enamoramento e o amor. <br /><br /><br />Bibliografia utilizada:<br />López, F.; Fuentes, A. (1999). Para compreender a Sexualidade. Lisboa: Associação para o Planeamento da Família. Tradução de António Manuel Marques e Lurdes Silva.Eduarda Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/05931245392163963068noreply@blogger.com14