2.2.06

As relações sexuais lésbicas são mais seguras que as relações sexuais heterossexuais? Que riscos existem de transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)?

Quando procuramos informação sobre os riscos de transmissão das ISTs nos comportamentos sexuais entre mulheres, deparamo-nos com algumas dificuldades. Muitos folhetos informativos dedicados à temática das ISTs nem sequer referem a existência de comportamentos sexuais entre mulheres. Outros, quando os referem, não os consideram como sendo de risco. Ainda noutros casos, quando encontramos folhetos que identificam alguns comportamentos sexuais entre mulheres como sendo de risco, a informação apresentada é frequentemente inconsistente e até contraditória, como é o caso da informação sobre os riscos associados ao sexo oral.

Também não é frequente que os técnicos de saúde abordem tais questões ou disponibilizem informação sobre as mesmas. Mesmo quando tal lhes é expressamente pedido.

Torna-se neste contexto, muito difícil, para qualquer jovem, ou mulher adulta, ter acesso a informação que lhe permita conhecer os riscos associados aos comportamentos sexuais entre mulheres e, por isso mesmo, torna-se também muito difícil fazer opções informadas sobre como tornar seguros os seus comportamentos sexuais.

Para além do preservativo masculino, amplamente divulgado por campanhas diversificadas que promovem a sua utilização, não são divulgados, nem disponibilizados, outros materiais, nomeadamente os pensados para os comportamentos sexuais entre mulheres, como por exemplo as luvas ou as barreiras de látex.

É interessante verificar que nas grandes campanhas públicas de sensibilização relativamente às ISTs, quase sempre centradas nas relações sexuais heterossexuais, o único método referido para tornar o sexo seguro é a utilização do preservativo. Mais uma vez, a questão é que a atenção fica centrada na penetração, ou talvez mais do que no comportamento, no agente do comportamento - no pénis.

Por exemplo, em relação ao sexo oral encontramos produtos no mercado destinados ao sexo oral masculino (fellatio), como os preservativos com sabores. Mas não estão nem divulgados, nem acessíveis no mercado produtos destinados ao sexo oral feminino (cunnilingus). Neste caso a questão não é específica dos comportamentos sexuais entre mulheres, uma vez que este é um comportamento que também se inclui nas relações sexuais heterossexuais.

A não divulgação e não disponibilização de métodos de sexo seguro entre mulheres cria uma situação em que, por um lado, a indústria não investe por não existir procura, e em que, por outro, a procura não aumenta porque não há divulgação, nomeadamente publicidade dos produtos.

Se pensarmos em práticas sexuais podemos concluir que a maior parte dos comportamentos sexuais entre mulheres também podem existir entre uma mulher e um homem. Logo, quando os folhetos informativos e campanhas publicitárias se centram só num comportamento específico (a penetração) ignorando todos os outros (que também apresentam risco de transmissão de ISTs) não estão só a omitir os comportamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, estão a distorcer, limitar e condicionar a percepção da sexualidade.

Não se pode falar de comportamentos sexuais sem falarmos das representações que deles temos. E é aqui que se cruzam a visibilidade de comportamentos sexuais, a sua divulgação, as campanhas de prevenção de ISTs e as mudanças de comportamento. Assim, por exemplo, temos a percepção de que existe uma maior frequência de comportamentos seguros quando se utilizam dildos (portanto, comportamentos com um objecto para o qual existe um método divulgado e disponível). É comum falar-se da utilização de preservativos, nomeadamente da mudança de preservativo se existe partilha do mesmo dildo, ao mesmo tempo que não é tão comum falar-se de outras práticas de sexo seguro entre mulheres.

Só se vive uma sexualidade saudável se ela for gratificante. Assim, cada pessoa sente, pensa e decide sobre sexo seguro de forma diferente. E fá-lo-á, em princípio, tanto melhor quanto mais capaz for ela própria, e as que a rodeiam, de falar e reflectir, em conjunto com pares ou técnicos de saúde, sobre o assunto. A informação sobre os vários riscos e métodos de tornar os comportamentos seguros é fundamental, mas também é necessário que esses métodos estejam disponíveis e acessíveis, e, ainda, que sejamos capazes de falar sobre o assunto.

6 comentários:

Anónimo disse...

Axo k tem de haver + informaçao a respeito das relaçoes sexuais entre 2 mulheres.
N vale a pena fingir k n existem em n falar no assunto...Há e smp haverá lesbicas no mundo, por ixu...conformem-se!! eu vivi 4 anos em San Francisco (e foi lá k tive a certeza k era lesbica) e exas cenas sao na boa para a mentalidade deles!!! Aki é k temos de ser atrasados ou sei la o kê...Pa mim é triste pois sou 1pexoa consciente das minhas opçoes e n as escondo...mas sei k ha pexoas k o fazem e ixo n é bom.. =( Assumam-se!! Há k lutar pelos noxos direitos girls!!!

Anónimo disse...

adorei ler porque no inicio as pessoas fazem por magia e quimica, que depois n falam sobre como se sentem .Mais tarde urgem doenças visto que uma relação é feito a dois e esta terá de ser partilhada e segura no seu todo.
Ines graça Monitora de shiatsu lSantarém.
Cumprimentos a associação e Fabíola.....

Anónimo disse...

Chamo a atenção para o recém publicado folheto intitulado "Sexo Lésbico Mais Seguro", uma iniciativa das PanterasRosa. E relembro ainda que o próprio Cluube Safo fez, há uns anos atrás (talvez 4 ou 5), salvo erro em Leiria, um debate sobre este tema com a colaboração de 2 especialistas de áreas técnicas (saúde e psicologia?). Será boa altura de voltar ao assunto, não acham? Porque esta questão é altamente importante para a nossa felicidade/prazer/saúde, etc., etc., porque mesmo que muita gente consiga aceder àquele folheto ele levantará certamente outras questões, enfim porque a plenitude depende da liberdade, e só há liberdade com esclarecimento, né? Um grande abraço para estas mulheres excepcionais k mantem a Associação a rolar!

Anónimo disse...

Fico muito feliz por haver um espaço dedicado a este assunto. Tenho muita pena que não haja nada sobre a sexualidade lésbica, pois isso só traz mais confusão a pessoas como eu... eu não sei se sou bisexual ou homosexual, mas a verdade é que não posso falar disso a ninguém pois ninguém vê a homosexualidade feminina como sendo uma coisa normal. Eu tenho um namorado, e falamos muito os dois; felizmente, ele compreendeu-me quando eu lhe disse que sentia atracção e desejo por mulheres, mas sinto-me desconfortável a falar sobre esse assunto, até mesmo à minha psicóloga. Para mim, como para muitas raparigas da minha idade (tenho 19 anos), é horrível não saber com quem posso falar abertamente sobre o que sinto. Gosto de rapazes, amo o meu namorado, mas a sexualidade não é aquilo que eu gostaria que fosse; vou ser sincera; por vezes sinto-me enojada. Sinto necessidade em falar com alguém sobre isto; alguém que me compreenda... e depois, ainda por cima, fico a pensar se, tendo uma namorada algum dia, poderia continuar a ser dadora de sangue ou não... não quero apanhar nenhuma doença, mas não há nada que me tire todo o novelo de dúvidas acerca da sexualidade feminina. Toda a gente se feixa em copas. Tive uma equipa de trabalho que, se eu demonstrasse alguma normalidade quando eles falavam em mulheres, começavam logo a gozar comigo e a dizer "não tens nada que nos queiras contar?"... é embaraçoso!!!
Desculpem por eu falar tanto, mas fiquei muito feliz por encontrar um espaço onde não se fala da homosexualidade feminina como sendo um pecado.

Anónimo disse...

Meninas ....
É real a sensação que temos de que há um preconceito maior contra a homosexualidade feminina. Aliás, tenho comigo de que o que causa horror as pessoas é a homo-afetividade e não a homosexualidade. Chega a ser erótico para um homem pensar em transar com duas mulheres lésbicas ... acho que eles se acham ... Sequer lhes passa pela cabeça que existe uma relação afetiva entre elas e que por isto não estão juntas por falta de homem.
O fato é que nós mulheres continuamos enfrentando muito preconceito e por isto é muito importante nos cuidarmos e sabermos encontrar um grupo legal para fazermos amizade.

Anónimo disse...

Meninas,
Tenho 29 anos,vivo com o meu namorado, a qual até é uma relação feliz. Nos últimos seis meses deparei-me com uma situação um pouco estranha. Conheci uma rapariga, da mesma idade que eu. Com o convívio, os dias que passamos juntas tornámo-nos muito próximas e cumplices. O que acontece é que acabei por sentir uma atracção por ela. Sei que ela sente o mesmo, até porque já falámos sobre isso, mas nunca aconteceu nada entre nós. Ela também tem uma relação e os nossos namorados até sabem o que sentimos. A verdade é que o desejo chega a ser tão forte, que somos obrigadas a afastarmo-nos... talvez por medo... não sei ao certo. Talvez tenha descoberto um lado meu que desconhecia. Tenho imensas amigas e nunca senti isto por nenhuma delas. Gostaria que me dessem uma opinião sobre isto. Talvez me possam ajudar. Obrigada!